Cinemas Avenida em risco de fechar em Coimbra

Comissão de trabalhadores espera que o plano de recuperação da empresa Cinemas Millenium traga uma solução.

A instabilidade tem marcado os últimos tempos nos Cinemas Avenida, em Coimbra. Nos dias 11, 12 e 13 de Fevereiro não houve sessões porque não havia projeccionista e, agora, deixou de haver sessões à terça-feira e à quarta só há à noite. Em meados de Março, e no âmbito do processo de insolvência em curso, deverá ser apresentado pela gestora judicial o plano de reabilitação da empresa de exibição cinematográfica Cinemas Millenium, de que fazem parte os Cinemas Avenida e o Alvaláxia em Lisboa (o Freeport, em Alcochete, foi fechado pela administração do Freeport), disse ao PÚBLICO fonte da empresa.Gracinda Pereira, que trabalha na bilheteira destes cinemas e integra a comissão de trabalhadores formada em Fevereiro, defende que, para já, é prematuro falar em falência, mas admite que a situação é "delicada". O pedido de insolvência é um procedimento legal, previsto no Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas, que acontece quando as empresas têm dificuldades em fazer face aos seus compromissos financeiros: a empresa apresenta-se em tribunal e os credores decidem se tem condições para continuar ou se é declarada falência. É o que se saberá brevemente, quando o plano de recuperação for apresentado.
"Os Cinemas Millenium estão em processo de insolvência e a gestora judicial e a administração dos dois cinemas estão a fazer auditoria às contas", explicou fonte da empresa, acrescentando que agora só resta esperar que, depois de apresentado o plano de recuperação, o tribunal marque nova reunião de credores, que são cerca de 48. "Por enquanto, não se coloca o cenário de falência", adiantou.

Cada vez menos públicoDepois de, em Setembro do ano passado, terem sido despedidos cinco trabalhadores (porteiro, projeccionista, funcionária de limpeza e funcionária da bilheteira) e ter encerrado uma sala (eram três a agora são duas), os cinemas estão a funcionar apenas com um projeccionista. Por isso, tem havido menos sessões: "Ele tem que descansar, mas é uma situação que temos que resolver", afirmou Gracinda Pereira, garantindo, ainda assim, que os oito trabalhadores daqueles cinemas em Coimbra não têm salários em atraso e têm esperança que "se encontre uma solução". "Para a semana, já devemos saber alguma coisa mais concreta", declarou.
Gracinda Pereira lamentou que a afluência a estes cinemas de Coimbra tivesse diminuído substancialmente nos últimos tempos. Contudo, esta funcionária não acredita que a situação se deva à abertura das dez salas no Centro Comercial Dolce Vita (na Primavera, abrirão mais seis no Centro Comercial Fórum Coimbra). "Se calhar, é pela programação, não sei... Também há problemas com as distribuidoras e é óbvio que a Lusomundo dá prioridade ao Dolce Vita", afirmou, ressalvando, porém, que a programação "mais alternativa" dos cinemas também pode aliciar um tipo de público que não gosta de ir ao cinema nos centros comerciais.
Nos últimos tempos, as grandes estreias têm acontecido no Dolce Vita e atraído muito público, sobretudo jovem, sendo exibidas nos Cinemas Avenida películas menos comerciais e cinema europeu .

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