Casa-Museu Lopes-Graça abrirá em Dezembro
Câmara de Tomar projecta várias iniciativas culturais no ano do centenário do nascimento do compositor
A Câmara de Tomar prevê inaugurar em Dezembro, em pleno centro histórico da cidade, a Casa-Museu Fernando Lopes-Graça, culminando um conjunto de iniciativas que este ano irão homenagear a memória do compositor, musicólogo e oposicionista ao regime do Estado Novo. Lopes-Graça que, se fosse vivo, completaria cem anos a 17 de Dezembro de 2006, é oriundo de Tomar, onde passou grande parte da juventude e aonde regressava sempre que podia, aí mantendo amizades e a ligação possível com instituições sobretudo ligadas à música, como era o caso da Canto Firme, de que foi maestro. Em Dezembro deverá igualmente ser inaugurada, no parque do Mouchão, uma estátua representando em corpo inteiro o compositor e o seu amigo Nini Ferreira, figura muito ligada às tradições culturais de Tomar."Estamos já a recuperar a casa onde Fernando Lopes-Graça nasceu e o objectivo é vir a divulgar nela o trabalho desenvolvido pelo compositor que adquiriu projecção nacional, mas que também ficou conhecido por outras actividades de carácter político e cultural que desenvolveu ao longo de toda a vida", afirma o presidente da Câmara de Tomar, António Paiva. O autarca esclarece que o edifício foi já doado ao município pelo ex-proprietário, Rui Costa, e que irá expor peças, livros e documentos diversos pertencentes ou alusivos ao músico. Algumas peças têm sido doadas para a futura casa-museu e, entre elas, terá destaque um trabalho de mestrado sobre a vida e obra de Lopes-Graça da autoria de António Sousa, responsável pedagógico da Canto Firme.
A ligação através de meios informáticos e multimédia entre a casa- museu de Tomar e os serviços culturais da Câmara de Cascais, o outro município com fortes ligações ao compositor, está a ser analisada.
"Queremos desenvolver uma série de iniciativas culturais para homenagear o ilustre compositor nacional com tantas memórias ligadas a Tomar, como por exemplo a pensão que o seu pai comprou ou o espaço junto ao café Paraíso onde recebeu as primeiras lições de piano", acrescenta António Paiva.
A par com Michel Giacometti, Lopes-Graça foi um dos musicólogos que mais atenção e estudo dedicou à canção tradicional portuguesa, que procurou recriar com novas roupagens e um tratamento inovador na harmonização das vozes. Ajudou a criar a Academia de Amadores de Música e compôs as Canções Heróicas e Canções Regionais Portuguesas, a que deu um tratamento politicamente empenhado, diametralmente oposta à orientação de Salazar, o que lhe valeu ser durante décadas um compositor proibido.