Dubai Um país pequeno com grandes ambições
O xeque Al-Maktoum é o "patrão" do emirado. Para lá da modernização, quer projectar a imagem
de nova liderança árabe
Segundo maior dos sete Estados que compõem a federação dos Emirados Árabes Unidos, o Dubai não chega a ter 4000 quilómetros quadrados e da sua população, que não ultrapassa os 1,5 milhões, mais de 80 por cento são emigrantes. No centro de uma das suas duas cidades, Dubai City, está a nascer um arranha-céus destinado a ser o maior do mundo (com 800 metros). Já um gigante do turismo está agora a caminho de controlar portos norte-americanos, ao mesmo tempo que se assume como centro financeiro do Golfo Pérsico. "Não é essa a "american way"?", pergunta a Time, na sua última edição. A Economist escreve que o emirado liderado desde Janeiro por Mohammad bin Rashid al-Maktoum (era já considerado o "verdadeiro chefe" do país) "está a tentar fazer aquilo que os capitalistas ocidentais aconselham há muito - investir em negócios mundiais antes que o petróleo acabe". O do Dubai acaba em cerca de dez anos, mas só representa seis por cento do PIB.
Mohammad, que aos 56 anos sucedeu, em Janeiro, ao irmão mais velho, esteve na frente das mudanças que nos últimos anos transformaram o Dubai na maior economia da região. A sua decisão, em 1985, de dotar o emirado de uma transportadora aérea, foi o passo crucial no desenvolvimento em curso.
Seguiram-se projectos turísticos e o lançamento de várias zonas livres - primeiro para a Internet e para os media. De centro de negócios que já é, aspira a ser centro financeiro. O modelo é Singapura, um estado pequeno que procura mercados maiores, combinando negócios com turismo.
"Digo aos meus companheiros árabes no poder: se não mudarem, serão mudados", afirmou Mohammad em 2004, durante uma conferência com líderes árabes e mundiais.
Casado com a princesa Haifa, filha do falecido rei Hussein da Jordânia, terá pelo menos uma segunda mulher.
Participa em corridas de resistência, é admirador de poesia e apaixonado por cavalos - entre os eventos turísticos do Dubai destaca-se a World Cup, corrida equestre com um prémio recorde de seis milhões de dólares.
Em dimensões ou originalidade dos projectos, não há emirado mais ambicioso. O Dubai tem o maior hotel, um conjunto de ilhas artificiais ou o maior parque de diversões do mundo. Mas também será a única nação de deserto a reclamar a posse de uma das maiores pistas interiores de ski.
Com os últimos investimentos, incluindo a compra da empresa britânica que vai gerir os portos nos EUA, dir-se-á que não há limites para o Dubai. O único obstáculo poderão ser as desconfianças por trás da polémica criada pelo negócio: a ameaça de segurança que alguns senadores sublinham, lembrando que dois dos envolvidos no 11 de Setembro eram cidadãos dos Emirados.
"Por isso, em última instância, as preocupações de segurança do Dubai são as mesmas que as da América. Se transigir, o mundo destruirá o seu sonho", pressagia a Economist.