A primeira comandante de lancha
Gisela Antunes percebeu que queria entrar para a Marinha quando tinha 17 anos e fez uma visita de estudo à Base Naval do Alfeite. A decisão foi rápida. Acabou o 12.º ano e candidatou-se à Escola Naval. Hoje, aos 25 anos vai ser a primeira mulher a comandar um navio na Marinha portuguesa. Não é uma grande embarcação, é uma lancha de fiscalização com uma guarnição de oito pessoas, mas, como disse ontem ao PÚBLICO, "o objectivo de qualquer oficial é comandar um navio". Quando a segunda-tenente Gisela Antunes diz qualquer oficial quer dizer qualquer oficial formado pela Escola Naval na classe de Marinha, ou seja, os que obtêm formação para poderem comandar um navio. E ela é a primeira mulher a terminar o curso. A maior parte das outras mulheres escolhia a classe de administração naval.
Durante os próximos dois anos, será responsável pela fiscalização marítima da zona centro e sul e, pontualmente, da Madeira. Sob as suas ordens só terá homens.
O Estado-Maior da Armada fez questão de anunciar que o convite será feito hoje, para coincidir com o dia internacional da mulher. "É uma honra para mim ter sido escolhida", confessou a militar, considerando que se trata "de um cargo muito nobre".
Gisela Antunes conta que cresceu a ouvir histórias do pai sobre a vida na Marinha (onde cumpriu o serviço militar obrigatório) e que uma das razões para escolher a carreira militar foi a de ser "uma carreira mais segura". "Não estou arrependida", garante.
Segundo a segunda-tenente, "cada vez mais tem havido um esforço para as mulheres serem tratadas da mesma forma que os homens são". Avisada de que teria quer ter disponibilidade para falar à comunicação social, Gisela Antunes mostrou-se discreta nos comentários. Na Marinha, o processo de adaptação dos navios aos dois sexos é que foi lento, em comparação com as infra-estruturas necessárias nos outros ramos. H.P.