GM reduz participação na Suzuki
As duas empresas vão manter estratégia de cooperação na distribuição de automóveis e no desenvolvimento de novos produtos
O construtor norte-americano General Motors (GM) vai vender 17,4 por cento de acções da japonesa Suzuki Motor Corp, reduzindo a sua participação no construtor asiático para apenas três por cento - passando do primeiro para o sétimo lugar entre os accionistas mais importantes da empresa japonesa. A Suzuki vai avançar com um programa de compra de acções próprias da mesma dimensão - as duas operações serão feitas em bolsa. Os dois construtores garantiram ontem que vão manter os seus acordos de cooperação e que poderão estudar no futuro a possibilidade da GM voltar a comprar as acções que agora vai alienar.O negócio, avaliado em dois mil milhões de dólares (cerca de 1700 milhões de euros), foi a forma encontrada pela GM para garantir a entrada de dinheiro fresco a curto prazo, depois de no ano passado ter registado prejuízos de 8600 milhões de dólares (7150 milhões de euros). Segundo Troy Clarke, presidente da GM Ásia Pacífico, a venda de acções poderá representar mais-valias antes de impostos entre 550 milhões e 700 milhões de dólares (458 milhões a 583 milhões de euros).
Osamu Suzuki, administrador executivo do construtor japonês, disse ontem que a sua empresa está disposta a "dar uma mão" ao seu associado de longa data - a GM comprou as suas primeiras acções da Suzuki em 1981, aumentando gradualmente a sua participação até aos actuais 20 por cento do capital.
"Tivemos o suporte da GM durante muito tempo, e agora é a nossa vez de ajudar a GM", disse Osamu Suzuki numa conferência de imprensa realizada em Tóquio. "Penso que a nossa cooperação não está em perigo. A GM apenas precisa de ajuda", acrescentou, precisando que a empresa norte-americana "é o nosso professor na construção de automóveis".
Koichi Sugimoto, analista especializado no sector automóvel, disse à agência Associated Press que o acordo de cooperação entre os dois construtores é decisivo para ambos e que a decisão de o manter é acertada. "Eles têm uma relação há muitos anos, e precisam um do outro", afirmou, acrescentando que a colaboração com a GM é importante para as ambições globais da Suzuki, especialmente no mercado norte-americano.
Troy Clarke explicou que não haverá outras mudanças nas relações entre as duas empresas. A Suzuki manterá os seus 11 por cento na filial sul-coreana da GM, a Daewoo Auto & Technology; a joint-venture entre os dois construtores numa fábrica no Canadá (CAMI Automotive) também vai continuar, assim como a cooperação no desenvolvimento da tecnologia de células de combustível; a Suzuki vai também continuar a distribuir os automóveis Chevrolet no Japão.
"A aliança estratégica com a Suzuki vai continuar", esclareceu Clarke.
Em Outubro, a GM terminou uma parceria com os japoneses da Fuji Heavy Industries, vendendo os vinte por cento que detinha no capital do construtor Subaru. A Toyota, outro construtor japonês que no ano passado registou elevados lucros, comprou parte dessa participação à Fuji. Clarke disse ainda que não foi tomada nenhuma decisão em relação à possibilidade de vender, total ou parcialmente, a sua quota de 12 por cento no capital do construtor de camiões Isuzu Motors. "A Isuzu é um parceiro importante. Em função das boas práticas de gestão, continuaremos a avaliar os nossos investimentos", concluiu.
A GM tem-se debatido com importantes perdas no mercado automóvel norte-americano - em parte devido à concorrência dos modelos asiáticos - e tem em curso um programa para eliminar 30 mil postos de trabalho e encerrar 12 fábricas na América do Norte até 2008.
A Suzuki encontra-se bem melhor, esperando lucros de 435 milhões de euros no ano fiscal que termina no fim deste mês; nos primeiros nove meses deste ano fiscal, as vendas do construtor aumentaram 12 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior. com agências