Dan Brown começou a ser julgado por plágio no "O Código Da Vinci"

Foto
Esta é a segunda acusação de plágio que Dan Brown enfrenta pelo "Código Da Vinci" Lindsey Parnaby/EPA

Richard Leigh e Michael Baigent estão a processar a editora britânica de Dan Brown, Random House, por ter plagiado “toda a arquitectura” da investigação que desenvolveram no seu livro de não-ficção “The Holy Blood and the Holy Graal” (“O Sangue Sagrado e o Santo Graal”), de 1982. A Random House é igualmente a editora de Leigh e Baigent.

“O Código Da Vinci”, que vendeu mais de 36 milhões de cópias em todo o mundo e foi traduzido em 44 línguas, foi alvo de polémica desde a sua publicação em 2003. O Vaticano chegou mesmo a incluir a obra na lista das obras literárias a "não ler nem comprar", acusando-a de ser um "castelo de mentiras".

No centro da polémica está a filha de Jesus, que terá nascido de uma união com Maria Madalena, e a sua descendência. Segundo a obra de Dan Brown, a Igreja Católica tentou por todos os meios, ao longo da História, esconder essa verdade, no sentido de preservar o carácter divino de Jesus. De acordo com Baigent e Leigh, o fio condutor da história faz parte do “tema central” da sua obra e foi roubada por Brown, violando, assim, os direitos de autor.

Brown nunca fez segredo sobre o seu conhecimento da obra “O Sangue Sagrado e o Santo Graal”, também um sucesso de vendas, depois de ter beneficiado da publicação de “O Código Da Vinci”. O escritor menciona-o no seu livro, bem como outras três obras, chegando mesmo a baptizar uma das suas personagens, Sir Leigh Teabing, através de um anagrama com os nomes dos dois queixosos.

A Random House rejeita qualquer acusação de plágio ou da violação de direitos de autor, argumentando que não existe "copyrights" para as ideias e teorias históricas. Num comunicado divulgado hoje, a editora considera ainda que a acusação não tem qualquer fundamento e afirma-se confiante de que essa será a conclusão da justiça.

“O Sangue Sagrado e o Santo Graal”, uma obra pseudo-histórico, afirma que Jesus poderá não ter morrido na cruz, que foi casado com Maria Madalena e que a sua descendência foi protegida pela Ordem dos Templários. Os dois autores britânicos sugerem ainda que a Igreja Católica tentou procurar e eliminar os seus descendentes durante a Inquisição. Tal como a obra de Dan Brown, Leigh e Baigent foram alvo de críticas, nomeadamente de historiadores, quando o seu livro foi publicado.

Brown já foi acusado de plágio por Lewis Perdue nos Estados Unidos, mas a justiça norte-americana decidiu a favor do escritor norte-americano, considerando que “O Código Da Vinci” não se apropriou de "Daughter of God" (“Filha de Deus”). Segundo o juiz George Daniels, nenhum dos temas utilizados estava protegido por direitos de exclusividade.

O caso agora em julgamento em Londres poderá atrasar a estreia no Reino Unido da adaptação ao cinema de “O Código Da Vinci”, prevista para 19 de Maio. O filme de Ron Howard, que contou com um orçamento de cem milhões de dólares, reúne um elenco de luxo com Tom Hanks a interpretar o professor de simbologia Robert Langdon, a actriz francesa Audrey Tautou, Jean Reno, que interpretará o chefe da polícia francesa, Sir Ian McKellen e Alfred Molina.

“O Código Da Vinci” será apresentado na 59ª edição do Festival de Cannes, a 17 de Maio.