Resposta ao furacão Katrina foi um "falhanço nacional"

Relatório de 600 páginas de uma comissão de inquérito, de maioria republicana, do Congresso dos EUA

O Governo norte-americano é acusado de "inaptidão" na resposta dada à calamidade provocada em Nova Orleães pelo furacão Katrina em Agosto passado, num relatório elaborado por uma comissão de inquérito do Congresso maioritariamente formada por republicanos. O sumário do documento de 600 páginas, divulgado na noite de domingo pela agência AP, fala de "alertas desvalorizados, deficiente planeamento e apatia generalizada em reconhecer o impacte da destruição" - tudo tendo conduzido à fraca e demorada resposta das autoridades, a nível local e por parte da Casa Branca.
O Governo revelou-se "ineficaz, inepto e organizacionalmente paralisado", denuncia o relatório, cuja versão integral será conhecida ainda esta semana. "A nossa investigação mostra que o Katrina foi um falhanço nacional, um abdicar do mais solene dever de providenciar assistência às populações", conclui.
Um grupo de senadores democratas, que investiga também a resposta dada pela Federal Emergency Management Agency (FEMA) ao Katrina, anunciou ontem ter documentação reveladora de que 30 avisos foram emitidos por responsáveis do Governo, a nível local e federal, dando conta, logo a 29 de Agosto, que os diques tinham rebentado e que Nova Orleães estava a ser inundada.
Um desses e-mails, escrito pelo director do gabinete de Segurança Interna de Nova Orleães, está registado como tendo sido enviado bem cedo(às 8h30 locais) no dia da tempestade.
Apesar dos vários alertas, os mais altos responsáveis da Administração, incluindo o Presidente, George W. Bush, e o secretário da Segurança Interna, Michael Chertoff, não tinham noção do que se estava a passar no terreno, nem sequer após vários dias. O exemplo é dado com a declaração feita por Bush a 2 de Setembro, quatro dias depois de a calamidade se ter abatido sobre a cidade: "Os diques rebentaram na terça-feira em Nova Orleães." Tal acontecera na manhã anterior.

Renovação da FEMAOutros dois relatórios divulgados ontem - um pelo Gabinete de Contabilidade do Governo e outro pelo Departamento de Segurança Interna - revelam que a FEMA fez uma má gestão dos 85 mil milhões de dólares disponibilizados a nível federal para os fundos de ajuda de emergência. Os documentos referem que 900 mil dos dois milhões e meio de requerentes receberam apoio financeiro tendo apresentado números de Segurança Social inválidos ou nomes e endereços falsos.
O secretário da Segurança Interna, Michael Chertoff, anunciou ontem que vão ser postas em curso mudanças profundas na organização da agência de resposta às calamidades.
Estas reformas na FEMA passam pela contratação de 1500 novos funcionários a tempo inteiro e pela criação de um sistema mais fiável para captar e gerir a informação no decorrer destas crises. E estes são apenas os dois primeiros passos para renovar a agência. "Sabemos que temos muito trabalho pela frente", referiu à Associated Press um funcionário do gabinete de Chertoff.
A maior parte das alterações deverão estar em funcionamento quando se iniciar a época dos furacões este ano, a 1 de Junho próximo.

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