Ellen Johnson-Sirleaf A primeira Presidente da Libéria e de África
A economista tem agora seis anos para recuperar um país devastado por 14 anos de guerra civil
Ellen Johnson-Sirleaf, 67 anos, antiga ministra das Finanças, tomou ontem posse como primeira Presidente da Libéria. É também a primeira mulher a chefiar nos tempos modernos um Estado africano. A primeira dama dos EUA, Laura Bush, e a secretária de Estado, Condolleezza Rice, contaram-se entre os convidados para a cerimónia, tal como os presidentes da África do Sul, do Senegal, do Gana, da Costa do Marfim e da Serra Leoa.Johnson-Sirleaf, viúva, afirmou que o seu principal desafio, depois de 14 anos de guerra civil, é manter a lei e a ordem na mais antiga das repúblicas africanas, criada no século XIX por instituições norte-americanas, a fim de receber escravos libertados na América do Norte e nas Caraíbas. Capacetes azuis das Nações Unidas e polícias liberianos garantiram a segurança em Monróvia, a capital, um dia depois de Edwin Snowe, um antigo genro do ex-Presidente Charles Taylor que está proibido pela ONU de se deslocar ao estrangeiro, ter sido eleito presidente do Parlamento da Libéria.
Taylor, actualmente exilado na Nigéria, foi incriminado por um tribunal internacional devido a crimes contra a humanidade cometidos na Serra Leoa. Snowe era um dos políticos que com ele colaboravam, o que dá a ideia de quanto a economista Ellen Johnson-Sirleaf, formada pela Universidade de Harvard, terá de conviver com os fantasmas do passado recente. Dois vasos de guerra norte-americanos, o USS Mount Whitney e o USS Carr, atracaram ao largo da Libéria, numa demonstração do apoio de Washington à nova Presidente.
Elizabeth Blunt, da BBC, contou que não havia um só edifício público em bom estado para a cerimónia da tomada de posse. Os convidados tiveram de se sentar em cadeiras de plástico, ao ar livre, com umas esteiras a protegê-los do sol e da chuva. Milhares de voluntários andaram a pintar prédios, pontes e sinais de trânsito, para dar um aspecto aceitável a uma cidade que nos últimos anos não tem tido electricidade nem água corrente.
Sirleaf-Johnson conseguiu na segunda volta das presidenciais, em Novembro, 59,4 por cento dos votos expressos. Derrotou o futebolista George Weah, que registou 40,6. "Prometo estar à altura das vossas expectativas", disse a "avózinha da Libéria", como é carinhosamente tratada, pedindo uma oração em memória dos milhares de compatriotas que morreram desde que, no fim de 1989, Taylor pegou em armas no condado de Nimba, para derrubar o Presidente Samuel Doe.
Os desafios que se apresentam ao seu mandato de seis anos são tremendos. As estradas encontram-se em ruínas e a rede telefónica praticamente não existe. A segurança é muito escassa e as novas autoridades terão de encontrar uma forma de integrar na sociedade 100.000 antigos combatentes, incluindo muitos adolescentes.