ZÉ DA TARADA, DRAGÃO, ISIDRO E DÉDÉ Quatro mestres do crime à toa
Eram quatro e quase sempre inseparáveis. Ciclicamente, quando se encontravam em liberdade, cometiam vagas de crimes que encheram páginas de jornais. Zé da Tarada e Dragão, já falecidos, e Isidro e Dédé foram vários vezes condenados por roubo, homicídio, violação, sequestro, furto, etc. Não tinham grandes preocupações na preparação dos crimes, mas não abriam mão de algumas regras, nomeadamente as de evitar denunciar amigos e cometer delitos em que pudessem pôr em perigo a vida de crianças. Nos anos 70 e 80 andavam quase sempre em carros Datsun roubados, que tinham motores muito rotativos e eram, por isso, bons para as fugas à polícia. Zé da Tarada, que foi abatido a tiro sem que até hoje se tenha descoberto o autor, tinha um bem raro: uma metralhadora francesa roubada em Sintra. Foi a arma que lhe deu a liderança do grupo durante muitos anos.
No início da década de 80 fizeram dos assaltos a bancos o seu modo de vida. Começaram no Algarve, passaram pelo Alentejo e terminaram, quatro anos mais tarde, na zona de Lisboa, onde viriam a ser presos. Faustino Cavaco é o mais conhecido, por ser o operacional, o que utilizava a caçadeira de canos serrados. O planeamento dos crimes estava, no entanto, a cargo de Tomé Bárbara, homem algo avesso a armas e sem jeito para conduzir. O Doutor (talvez a alcunha pela qual é mais conhecido) estudava os alvos, arranjava os disfarces, documentos e chapas de matrícula falsas. Invariavelmente, depois de um assalto proveitoso, o dinheiro era gasto em festas com mulheres. Até serem detidos foram-lhes imputados três homicídios - dois guardas fiscais, num assalto a um restaurante no Algarve, e um agente da PSP, que com eles roubava mas que, tendo-se acobardado, acabou com a cabeça desfeita e ocultado no meio de fragas.
Virgílio e Carlos José, são vulgarmente conhecidos por Gil e Rio Maior. Partilharam, durante muitos anos, o gosto pelas ourivesarias. Fosse à mão armada ou através da abertura de pequenos buracos nas paredes. Os assaltos deste duo, alguns deles de muitos milhares de contos, eram estudados com minúcia. Tanta preparação que, numa época em que Virgílio resolveu acoitar-se no Brasil, recebia continuadamente informações sobre os locais, em Portugal, que poderiam render grossas maquias. Foi assim que, por exemplo, lograram apoderar-se da fortuna que um ourives de Avintes guardava em casa, na qual entraram disfarçados de guardas da GNR. Após esse assalto, e depois de terem deixado o casal amarrado dentro de casa, desfardaram-se e foram para a praia. Um trabalhinho limpo, como sempre.