O que é o G8?
Think tank de Madrid sugere que a Espanha merece lugar no "clube"; Zapatero quer que o seu país tenha um "papel activo"
O G8 começou por ser o G7 - o grupo das sete maiores economias do mundo. O G7 compreende: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido. Estas continuam a ser as maiores economias do mundo, mas com duas alterações - a China é (dependendo dos valores utilizados) a quarta ou a sexta maior economia, e a Espanha é a oitava, à frente do Canadá. A primeira cimeira do G7 foi em 1975, em Rambouillet (França) - a seis, ainda sem o Canadá. O propósito do clube era ser um fórum informal onde os líderes políticos dos seus membros pudessem reunir-se regularmente para discutir questões macroeconómicas, comerciais e de desenvolvimento. A presidência do grupo é rotativa; o país que a ocupa tem a seu cargo albergar as cimeiras e estipular a sua agenda. O G7 não tem órgãos próprios e não emite pronunciamentos vinculativos, mas é um instrumento útil para os líderes das maiores democracias industrializadas concertarem posições. A partir de 1998, a Rússia tornou-se membro do grupo, que passou a ser o G8 - embora ainda haja reuniões a sete. Aliás, o G8 tem nove membros - a União Europeia também está representada, pelo presidente da Comissão e pelo chefe do Governo do país que ocupe a presidência do Conselho Europeu.
A economia espanhola é a que cresce mais rapidamente na zona euro. Segundo dados do Banco Mundial, o Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha já é o oitavo maior do mundo - maior que o do Canadá ou da Rússia, dois membros do G8. Por isso, a Fundación de Estudios Financieros (FEF, um think tank madrileno) sugere que a Espanha deve reivindicar um lugar no Grupo dos Oito (G8), um "clube" que agrega oito das economias mais industrializadas do mundo.
A FEF apresentou esta semana um estudo intitulado Espanha e a nova arquitectura económica e financeira internacional: o desafio do G8. Neste estudo, lê-se que a Espanha "cumpre os requisitos para pertencer ao G8", tendo em conta a sua dimensão económica e política.
"O acesso ao G8 e a outros grupos de países deve ser uma reivindicação constante da Espanha", disse Luis Ravina, professor da Universidade de Navarra e um dos autores do estudo, citado pela Reuters.
José Luis Rodriguez Zapatero, chefe do Governo espanhol e presidente honorário da FEF, não se comprometeu com esta exigência. Mas disse na apresentação do estudo que "a Espanha deve ter um papel activo no novo mundo que se está a criar".
Segundo o Banco Mundial, o PIB espanhol atingiu um bilião (milhão de milhões) de dólares em 2004, ultrapassando o Canadá, em resultado não só do seu crescimento económico robusto como da depreciação do dólar face ao euro. O antecessor de Zapatero, José Maria Aznar, defendia que a Espanha devia aceder ao G8.
O G8 é um clube informal que reúne as sete economias tradicionalmente consideradas como as mais industrializadas do mundo e a Rússia. Este grupo reúne-se regularmente para tratar essencialmente de questões económicas.
Estudo reconhece alguns contras
Faria sentido que o G8 passasse a G9? O estudo da FEF reconhece alguns contras à adesão espanhola. Quatro dos membros do G8 já são europeus (Alemanha, França, Itália, Reino Unido), três deles membros da zona euro; os restantes membros do G8 poderiam objectar a uma maioria europeia dentro do clube.
Em 2005, sob a presidência britânica, a agenda do G8 foi dominada por questões ligadas ao comércio internacional e pela ajuda aos países mais pobres.
Em 2006, a presidência rotativa do G8 será exercida pela Rússia. A cimeira anual de alto nível do G8 será em São Petersburgo, em Julho; espera-se que os trabalhos sejam centrados em questões de política energética e combate ao terrorismo.
O tema mais candente durante a presidência russa poderá contudo ser o programa nuclear do Irão, devido às divergências a este respeito entre o presidente russo, Vladimir Putin, e os seus parceiros europeus e norte-americanos.