Padre brasileiro condenado por pedofilia

O sacerdote, condenado a 14 anos e oito meses de prisão por abuso sexual de crianças, tinha um diário que ensinava a seduzir

Um padre brasileiro foi condenado a 14 anos e oito meses de prisão por abuso sexual de duas crianças, uma de 13 e outra de cinco anos de idade. Num diário apreendido pela polícia, o religioso dava algumas dicas para se ser pedófilo. Tarcísio Tadeu Sprícigo, de 47 anos, era pároco na cidade de Anápolis, arredores de Goiânia, capital do estado brasileiro de Goiás, e já tinha sido condenado por atentado violento ao pudor.
Em Setembro de 2001, a vítima de 13 anos, que era acólito na paróquia de Tarcísio, foi convidada pelo padre a morar na sua casa para lhe fazer companhia e ter ajuda nos deveres escolares. Foi nessa altura que o rapaz começou a sofrer os abusos. O caso só foi denunciado em Julho de 2002, quando a mãe descobriu o rapaz alcoolizado e revelou o facto à polícia.
No caso da outra vítima de cinco anos, o assédio começou em Abril de 2002, quando a criança tinha aulas de viola com o sacerdote. O rapaz acabou por denunciar os abusos à avó. Em ambos os casos, o padre dava dinheiro e pedia segredo às vítimas perante a imagem de Jesus Cristo.
Durante o julgamento, a juíza teve acesso a um diário atribuído pela polícia a Tarcísio em que é detalhado o envolvimento com as crianças e se fazem algumas recomendações para seduzir as vítimas. O padre sublinhava a necessidade de serem crianças "capazes de manter um segredo e sem escrúpulos sexuais". As vítimas deveriam ainda "não ter pais e ser pobres", escreveu no diário.
O padre negou todas as acusações feitas em tribunal, atribuindo-as à imaginação fértil de dois rapazes.
O caso de Tarcísio será um de muitos outros, de acordo com estimativas de investigadores do Vaticano, divulgadas recentemente pela revista Isto É. Segundo os números revelados, cerca de 10 por cento dos padres brasileiros - o que corresponde a 1700 sacerdotes - estiveram envolvidos em casos de índole sexual, incluindo abusos sexuais de crianças e de mulheres.
O estudo também concluiu que pelo menos 200 padres brasileiros recorreram a apoio psicológico da Igreja Católica, nos últimos três anos, na sequência de actos de pedofilia.

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