Novo estudo considera Ota como a solução "mais aceitável"

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Consultor defende que nem uma super-Portela poderá responder às capacidades necessárias a partir de 2020 Manuel Moura/Lusa (arquivo)

Na comunicação que vai ser apresentada hoje na Gare Marítima de Alcântara, e a que o PÚBLICO teve acesso, a ADP vem defender que nem uma "super-Portela" poderá responder às capacidades que serão necessárias a partir de 2020. E, recuperando as hipóteses que estiveram em estudo, com duas possibilidades de um novo aeroporto em Rio Frio e a outra na Ota, o consultor Jean-Marie Chevallier considera que esta última é a "localização aceitável".

Começando por analisar o actual potencial do aeroporto da Portela, e projectando até onde o seu alargamento poderia chegar, a ADP demonstra que a infra-estrutura estará a rebentar pelas costuras quando conseguir receber entre 55 a 60 movimentos de aviões por hora, e um máximo de 20 milhões de passageiros. Segundo os cálculos do consultor, e assente em previsões de crescimento com taxas anuais de 4,4 por cento, a Portela deverá atingir os 13 milhões de passageiros em 2009, e os 17 milhões de passageiros em 2015. Ou seja, defende a ADP, "até uma "super-Portela", conseguida com o alargamento, vai ser insuficiente a partir de 2020"

Mas, e para que esta "super-Portela" ganhasse forma, seria necessário ultrapassar vários estrangulamentos, ao nível das pistas, dos terminais de passageiros e dos pontos de contacto com os aviões. A necessidade de fazer uma segunda pista paralela e a carência de espaço vão obrigar à aquisição de 80 hectares de terreno na envolvente e à expropriação de cerca de 10 mil fogos. Apontando uma factura de 800 milhões de euros para a execução destas obras, a ADP acaba por considerá-los demasiado elevados, face aos limites que, insistem os franceses, a Portela vai atingir em 2020.

Reconhecido consultor na área dos aeroportos, a ADP defende que o "lay-out típico" de um novo aeroporto deve permitir, a longo prazo, 75 movimentos de aviões por hora e entre 30 a 35 milhões de passageiros e 400 mil toneladas de carga.

Defendendo a construção de duas pistas paralelas, afastadas por 1700 metros [a solução que chegou a desenhar para a Ota, numa implantação que depois foi ligeiramente "desviada" pela Parsons], a ADP lembra que a construção de um novo aeroporto pode demorar entre oito a dez anos, e defende que a transferência de serviços desde a Portela para o novo aeroporto deve começar a ser feita "o mais rápido possível". "Quanto mais atrasada for a transferência, mais cara vai ser a operação", lê-se no estudo.

A hipótese Rio Frio volta a ser analisada, com o consultor a dá-la como a localização mais vantajosa em vários tipos de indicadores: ao nível das operações aeronáuticas, e mesmo com os constrangimentos trazidos pela proximidade do campo de tiro de Alverca, dos acessos rodoviários e dos impactes sonoros ou os problemas de ruído. Mesmo nos custos de construção, a hipótese Rio Frio seria mais vantajosa, já que na Ota há a necessidade de um complexo trabalho de movimentações de terras. Mas, tendo em conta a decisão do Governo português de "desqualificar a opção Rio Frio pelos seus sérios, irreversíveis e não mitigáveis impactes naturais", defende a ADP que a Ota "é uma localização aceitável para o novo aeroporto de Lisboa".

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