Tapetes rolantes de Alcântara substituídos por piso fixo
Passadeira está inactiva há anos devido a avarias constantes. Presidente da junta chama-lhe "o parque infantil mais caro do país"
As passadeiras rolantes de Alcântara, em Lisboa, estão inactivas "há já alguns anos" devido às suas constantes avarias. A Refer (Rede Ferroviária Nacional) tem em estudo um projecto de reabilitação que prevê a substituição da estrutura por um "piso fixo" mas, enquanto as obras não avançam, os utentes continuam a queixar-se da insegurança no local e da falta de manutenção do equipamento. Inauguradas há mais de uma década, as passadeiras estão integradas na passagem aérea de peões que une Alcântara-Terra a Alcântara-Mar e foram construídas com o objectivo de melhorar a ligação entre a Linha de Cascais e as de Sintra e da Azambuja.
Só que o passadiço metálico esteve longe de conseguir obter os resultados esperados, servindo mais como acesso ao Pingo Doce que existia nas imediações e que entretanto fechou, explica o presidente da Junta de Freguesia de Alcântara, José Godinho.
O autarca conta que os utentes, pelo facto de não haver articulação entre os horários dos comboios das três linhas, começaram a deixar de utilizar a travessia, cujo investimento ascendeu a 1,3 milhões de euros. "Os miúdos começaram a jogar à bola" na passadeira, diz o autarca, e a limpeza e manutenção da travessia deixaram de ser feitas. "Aquilo é o parque infantil mais caro do país", ironiza José Godinho.
Por outro lado, a falta de utilização teve como contraponto o aumento da insegurança na passadeira. "Aquilo é desconfortável, tem um aspecto agressivo, é perigoso e as pessoas são assaltadas ali". O autarca diz que a junta de freguesia esteve sempre contra o projecto, porque achava que não iria "resolver o problema dos utentes da Linha de Cascais".
Rui Reis assessor de imprensa da Refer, diz que as avarias nos tapetes rolantes, resultando na sua inutilização, devem-se a constantes actos de vandalismo. "As rodas dentadas estão danificadas e foram colocadas latas de refrigerantes nas engrenagens", conta.
O responsável adianta que, "neste momento, está em estudo um projecto de execução para reabilitação do troço", que prevê que a passadeira rolante seja substituída por "piso fixo". E acrescenta que até ao final do ano não deverão ser efectuadas quaisquer obras no espaço.
Quando à insegurança de que se queixam os utentes, Susana Abrantes, do gabinete de comunicação e imagem da Refer, diz que o espaço tem "permanentemente sistemas de vigilância: câmaras e seguranças privados contratados pela empresa".
A responsável garante que a Refer instalou a "segurança que se impõe" no local e que a área "é já por si uma zona problemática". Não está, portanto, previsto um reforço da segurança quando for instalado o novo piso, que, segundo Susana Abrantes, foi a "solução que a empresa encontrou para melhorar as deficiências".
Contudo, José Godinho diz que "é um crime económico deitar para o lixo" a estrutura metálica de 500 metros e que, por isso, o ministro das Obras Públicas à época em que as passadeiras rolantes foram inauguradas, Ferreira do Amaral, deveria ser chamado à responsabilidade.