Backstreet Boys Tudo bons rapazes
O concerto não fugiu à fórmula mas, mesmo assim, o Atlântico ficou a pouco mais de meio
Alguns dados importantes para perceber tamanha emoção num concerto como o que os Backstreet Boys deram sexta-feira no Pavilhão Atlântico, em Lisboa: é uma boys band (logo, pede fenómenos assim), é uma das mais bem sucedidas do mundo e esteve muito próxima da extinção (projectos paralelos, a reabilitação de A.J. e outros contratempos prejudicaram a carreira). Isso tem mais significado para os fãs do que dá a entender a mensagem "welcome back", escrita numa faixa pendurada no balcão. Never Gone, o nome do novo álbum, é a resposta dos cinco rapazes, feitos e refeitos para mais uns anos de showbiz. Se o espectáculo tem de continuar, há que pegar no manual e cumpri-lo à risca: muito estilo, luzes, cor, coreografias, gestos de carinho para com os fãs, pirotecnia e vídeos para entreter durante as mudanças de guarda-roupa. Nisto, os Backstreet Boys são perfeitos. Não há um músculo fora do quadro. Musicalmente, é mais do mesmo - que é exactamente o que se pretende. É a fórmula de uma ciência que não precisa de "eurekas". Basta-lhe funcionar pela repetição. É a ciência teen-pop.
O público não desmente o cliché: A sala está repleta de adolescentes e pré-adolescentes, sobretudo raparigas. Para muitas, é o primeiro concerto. Para a noite das noites, arrancaram os posters das paredes do quarto e trouxeram-nos para receber condignamente os seus heróis. Ou o seu herói - porque há sempre um boy preferido. Seja Kevin, Brian, Howie, A.J. ou Nick, são os gestos dele que provocam aquela lágrima, aquela excitação, aquele sorriso desmedido. Umas vêm com as amigas e deixam os pais "estacionados" do lado de fora. Outras trazem as mães, que não se inibem de vibrar com o concerto para lá das queixas de que "o som está muito alto" e "não dá para perceber as letras". Não é que isso faça diferença para as duas pequenas fãs ao seu lado. A visão dos cinco é suficiente. Além disso, têm as letras mais do que interiorizadas. Essas, falam sobretudo de amor. É aí que está a batota, nesse jogo com um alvo desprevenido que começa agora a descobrir essas emoções. Resultado: fidelidade.
O romance é linha-mestra por aqui. Há inúmeros casais de namorados: elas levantam-se, cantam e mostram que são fãs; eles nem por isso. Será da música? Da paixão? Da eficácia do marketing? Ou será porque estes bons rapazes são os genros que toda a sogra gostaria de ter? Brincalhões, sedutores, marotos ou responsáveis, eles são o que elas quiserem. Cumprem o seu papel, fazendo crer que é tudo por elas - ou, como eles dizem, por cada "menina sexy da plateia". Testada pelas melhores marcas, a fórmula Backstreet Boys continua a funcionar. A prova é que o novo single Incomplete não causa menos impacto que sucessos como As long as you love me, Everybody, I want it that way ou Quit playing games with my heart. No final, uma jovem multidão sai encantada ou ainda a cantar. Os comentários: "Espectacular", "viste aquela parte em que o Nick deu um beijo na boca à rapariga da primeira fila?" ou "este concerto foi a melhor coisa que me aconteceu". Foi o esperado e por isso foi bom. Ainda há muito para (vi)ver.