Salário Mínimo a 500 euros é "fantasia", diz sócrates
Primeiro-ministro acusa CGTP de "demagogia" por querer aumento substancial do salário mínimo
A proposta da CGTP de que o salário mínimo nacional deverá atingir os 500 euros até 2010 foi classificada pelo primeiro-ministro como "uma fantasia". José Sócrates disse ontem que um aumento do salário mínimo teria consequências negativas para a "competitividade" da economia portuguesa.Sócrates, que falava em Viana do Castelo à margem de uma visita de dois dias que efectuou ao Alto Minho, considerou que "uma tão súbita variação nos salários só traria mais desemprego e aumento da inflação", que não seria de todo desejável no contexto das dificuldades financeiras que o país atravessa.
A Intersindical havia proposto na sexta-feira uma subida gradual do salário mínimo. O salário mínimo nacional (SMN) encontra-se actualmente nos 374,7 euros; a CGTP quer que suba para 400 euros em 2006, e que vá progredindo até chegar aos 500 euros em 2010.
A outra grande confederação sindical, a UGT, quer um aumento do SMN para 394,7 euros em 2006, e um aumento para 520 euros em 2009.
"Não vivemos tempos em possamos agora adoptar propostas absolutamente demagógicas. Os tempos são de realismo e isso significa que os devemos encarar com determinação para que os possamos ultrapassar" declarou Sócrates, que visitou Viana numa iniciativa do "Governo Presente" (uma espécie de "presidência aberta" do Executivo).
"Devemos concentrar-nos na ultrapassagem das dificuldades mas sem nenhuma fantasia, e reconhecendo que o país deve fazer um esforço para melhorar os seus níveis de competitividade", acrescentou o primeiro-ministro. E concluiu: "É muito importante que se perceba que nós temos que ter contenção ao nível dos custos salariais porque isso é importante para a competitividade da nossa economia".
Na sexta-feira, o coordenador nacional da CGTP, Carvalho da Silva, defendeu o reforço do SMN para 500 euros até 2010, o que implicaria uma actualização anual média de 5,9 por cento. "Se o SMN estabelecido em 1974 se mantivesse com a actualização apenas correspondente à inflação, teríamos [já] em Janeiro deste ano um salário de 500 euros e não de 374", declarou Carvalho da Silva.