A culpa é da subducção no Golfo de Cádis

Há quatro possibilidades para a origem do terramoto de 1755. Primeiro, pensou-se no banco de Gorringe, uma estrutura no mar 200 quilómetros a sudoeste do cabo de São Vicente. Nos anos 90, descobriu-se uma falha (a Marquês de Pombal) e pensou-se que foi ali a ruptura da crosta que causou o sismo, mas como o seu tamanho é insuficiente tenta-se conjugar com outras, como a da Ferradura ou as duas falhas do banco de Guadalquivir. A terceira hipótese fala de um sismo no Gorringe, que desencadeou outro em terra, no Vale Inferior do Tejo. Mas Marc-André Gutscher tem outra proposta. No golfo de Cádis há uma placa que mergulha debaixo de outra. A culpa foi deste fenómeno, chamado subducção.Qual é a sua proposta para a origem do sismo?
Por baixo de golfo de Cádis e do estreito de Gibraltar há uma porção de placa oceânica que está descer em direcção ao manto. Por causa disso, ocorrem sismos por baixo de Málaga, a 600 quilómetros de profundidade. À medida que este bloco desce [para leste], a placa por cima é forçada a migrar para oeste. Os dados de estações de GPS mostram-no.
A subducção é o mecanismo tectónico que causou 11 dos 12 grandes sismos de magnitude 8,5 ou mais, nos últimos 100 anos. Portanto, à escala planetária, só a subducção é capaz de produzir sismos grandes, com tsunamis.
A falha do Marquês de Pombal, o banco de Gorringe ou qualquer outra, como a da Ferradura, são muito pequenas para produzir sozinhas um sismo de 8,5.
O geólogo António Ribeiro diz que não há aí nenhuma zona de subducção activa.
Ele é céptico, tal como outros colegas portugueses e italianos. Mas propõe algo ainda mais especulativo, que é a existência de uma zona de subducção incipiente a oeste de Portugal, perto da falha do Marquês de Pombal. Há muitas provas para a zona da subducção por baixo de Cádis e Gibraltar: há sismos a profundidades intermédias, há as imagens tomográficas, há vulcões de lama. António Ribeiro quase não tem provas de que há subducção a oeste de Portugal. Se existe, deve ter começado agora, porque ainda não está muito funda.
Este sismo continua a ser um quebra-cabeças.
Porque foi grande e provocou o maior tsunami conhecido no Atlântico. O problema é que aconteceu há 250 anos, quando não tínhamos uma rede mundial de estações sísmicas ou de satélites a observar a propagação da onda pelo oceano ou marégrafos. Confiamos nos relatos de testemunhas e o seu rigor não é perfeito.

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