A ciência vista pela arte em Coimbra

Vinte e cinco artistas portugueses expõem as suas visões no Museu Nacional da Ciência e da Técnica

Quando entra no Museu Nacional da Ciência e da Técnica, em Coimbra, o visitante depara-se com uma série de quadros que se vão criando a si próprios. A obra, de Aida Castro, reúne telas que todos os dias se vão modificando. Colocadas num suporte de vidro com tinta, as telas vão-se transformando com "a acção química das cores e dos pigmentos", explica o comissário da exposição, Miguel Amado. Inaugurada no sábado, a exposição E=mc2: Representações da ciência na arte contemporânea faz parte das comemorações do Ano Mundial da Física e apresenta trabalhos de 25 artistas portugueses que cruzam a ciência, a tecnologia e a arte. A exposição - da qual resultará um catálogo com as obras expostas e ensaios de João Carvalho, George Gessert e do próprio Miguel Amado - inclui trabalhos em diversos suportes: pintura, escultura, desenho, fotografia e vídeo.
Desde motivo de inspiração até processo que dá vida às obras, a ciência surge sob o olhar múltiplo destes artistas, que expõem, em muitos casos, obras especificamente concebidas para o efeito: "A exposição tem nomes consagrados e autores em início de carreira. Dois terços dos artistas são muitos novos e têm muito interesse pela ciência e pela tecnologia. São trabalhos que reflectem o mundo que nos rodeia", diz Amado.
Se, em alguns casos, a ciência já era uma temática recorrente da obra dos artistas, noutros não. Adriana Molder, por exemplo, diz Miguel Amado, não costuma debruçar-se sobre a física. Mas, como se interessa pelo retrato, a artista trouxe para a exposição uma trilogia de imagens em que Einstein surge retratado em diferentes momentos da sua vida: infância, adolescência e, por fim, a imagem mais reconhecida do cientista. Já Susana Anágua, que apresenta um trabalho composto por três esferas unidas por magnetismo, gosta de trabalhar com "a poética dos fenómenos físicos", diz o comissário. Miguel Palma apresenta Tapete Voador, uma obra constituída por uma cadeira de piloto de avião militar e um tapete manufacturado do Irão, que levita. Aqui, a física surge como o processo que põe a peça, com conotações políticas, a funcionar.
Na primeira sala, os visitantes deparam-se com duas perspectivas diferentes de abordar o tema. Por um lado, surge a obra de Aida Castro, em que os quadros se vão criando a si próprios: "É a arte através da ciência", explica o comissário. Por outro, surge a bioarte, aqui representada por Marta de Menezes: "Todo o trabalho dela é desenvolvido em laboratórios científicos. É a ciência que é transformada em arte".
Nuno Sousa Vieira criou An Invisible Hour. Miguel Amado mete-se dentro da grande estrutura de madeira e explica: "Trata-se de uma sobreposição de espaços em função do movimento de rotação e translação da Terra. Há um primeiro espaço e o mesmo espaço uma hora depois".

E=mc2: Representações da ciência na arte contemporânea
COIMBRA Museu
Nacional da Ciência e da Técnica. Tel.: 239851140.
Até 18 de Dezembro;
de seg. a sex., das 9h às 12h30 e das 14h às 17h30; sáb. e dom., das 14h às 17h. Entrada livre.

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