Caixa Geral de Depósitos quer crescer em Espanha
A CGD definiu o mercado espanhol como a prioridade das prioridades, e espera chegar a 2010
com 330 mil clientes
O Banco Simeon, o braço do Grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD) em Espanha, vai proceder a mudanças no seu modelo de gestão, de modo a iniciar uma nova estratégia de desenvolvimento orgânico no país vizinho, que passará por um aumento de capital de 275 milhões de euros, destinado a financiar o crescimento empresarial nos próximos cinco anos. Estas informações foram divulgadas esta semana pelo presidente da Comissão Executiva, Faria de Oliveira, que admitiu a possibilidade de o banco público português, que controla o Simeon, poder vir a fazer aquisições de instituições financeiras naquele mercado.
Para pôr em marcha a nova estratégia de crescimento em Espanha, a CGD procedeu a alterações na administração, que passa a ser liderada pelo também administrador da CGD Carlos Costa. Faria de Oliveira terá a seu lado o administrador-delegado Manuel López-Figeroa e três executivos: um espanhol, Gonzalo Garcia Puig, e dois portugueses, Pedro Cardoso e Rodolfo Lavrador. Este último é o único que transita da gestão anterior.
Carlos Costa lembrou que o Simeon "é uma parceria entre a Caixa, que possui a maioria do capital (99,6 por cento) e accionistas minoritários espanhóis". O banco irá agora centrar o seu crescimento "numa via orgânica", pois "o mercado espanhol não é fácil para aquisições", razão pela qual "decidimos não ficar à espera que surja uma oportunidade".
No entanto, Carlos Costa não excluiu a possibilidade de o grupo público partir para as compras no país vizinho, mas "quando se revelar oportuno". A decisão de relançar a actividade em Espanha resulta das conclusões de um estudo encomendado a uma consultora internacional "que considerou que valia a pena apostar" naquele mercado, através da operação já existente.
Projecto para cinco anos
O plano de expansão projectado para Espanha, será desenvolvido durante um período de cinco anos, e será suportado por um aumento de capital de 275 milhões de euros, o que elevará o actual patamar (167 milhões de euros) para 442 milhões de euros. A CGD (com capitais próprios de 3,6 mil milhões de euros e activos de 83 mil milhões de euros) irá subscrever 250 milhões de euros e os accionistas minoritários, 25 milhões de euros. "Esta operação não se destina a suportar qualquer tipo de aquisições", explicou Faria de Oliveira, mas apenas a "aplicar a estratégia de crescimento orgânico".
"Espanha tornou-se no principal mercado para investimento português e o seu principal parceiro comercial", observou Faria de Oliveira, ex-ministro de Cavaco Silva. Por isso, adiantou, "pretendemos alcançar uma posição relevante na banca medium-market espanhol".
Um dos objectivos do Simeon é triplicar o número de clientes, passando dos actuais 176 mil, para mais de 330 mil em 2010. Para além de particulares, o banco conta com 16 mil PME (o objectivo é ter 30 mil em 2008 e 50 mil em 2010) entre os seus clientes.
A ampliação da actual rede comercial de retalho está também entre as prioridades de Faria de Oliveira. Com 100 balcões, o banco pretende chegar aos 300 através de aluguer ou compra de espaços. O ex-ministro anunciou ainda que espera, no segundo trimestre de 2006, inverter a actual tendência para que o Simeon apresente resultados negativos. A meta é chegar a 2010 com lucros de 60 a 70 milhões de euros. Em 2004, o Siméon obteve um prejuízo de 18 milhões de euros, valor que deverá atingir no final deste ano os 90 milhões de euros. O breakeven deverá ser atingido no último trimestre de 2006.
O enfoque numa nova "visão estratégica" em Espanha surge após a CGD ter realizado, em 2003, vários esforços para crescer por via de aquisições naquele mercado, primeiro concorrendo à compra do Banco Zaragozano e depois do Banco Atlântico. Duas tentativas que não tiveram sucesso e que foram antecedidas de outras diligências falhadas para comprar instituições bancárias espanholas.
Em 2005, o activo total do Simeon deverá atingir os 3,4 milhões, valor que disparará para 7,8 milhões em 2008 para se cifrar daqui a cinco anos em 10 milhões de euros.