Barítono Jorge Vaz de Carvalho no Instituto das Artes é a grande surpresa
Aos 50 anos, Jorge Vaz de Carvalho assume uma tarefa que o próprio define como "ciclópica". Substitui Paulo Cunha e Silva à frente de um Instituto das Artes (IA) com apenas dois anos mas financeiramente exausto e cronicamente mergulhado em polémicas. Fundador da Orquestra Nacional do Porto (ONP) durante o mandato de Manuel Maria Carrilho, Vaz de Carvalho ficou na direcção artística desta, até o seu mandato acabar a 8 de Setembro. Como secretário de Estado, o musicólogo Mário Vieira de Carvalho pediu-lhe que assegurasse funções até à integração total da formação na Casa da Música, modelo contra o qual Vaz de Carvalho se posicionou.
Apesar das fricções daqui decorrentes, é-lhe reconhecida uma administração eficiente. Já a chegada ao IA é inesperada. Quando tomar posse, Vaz de Carvalho torna-se o rosto de um instituto que, para além da música, tutela teatro, dança, artes plásticas, arquitectura, design e transdisciplinares, áreas a que não tem ligações anteriores.
Ontem, ao PÚBLICO, o barítono assumiu que esta "é tradicionalmente uma das instituições mais difíceis do Ministério da Cultura" e assinalou "grande honra na prova da confiança dada pela ministra", que o convidou "ainda esta semana". Escusou-se, contudo, a comentar o estado de paralisação do instituto. Criado em Agosto de 2003 na fusão do Instituto das Artes do Espectáculo com o Instituto de Arte Contemporânea, o IA está há meses com uma liquidez de 177 euros, herdou as polémicas dos institutos que o antecederam e mesmo a sua criação foi mal aceite.
A manter-se o modelo, deverão ser apontados ainda dois subdirectores, cargos ocupados até agora por Maria de Assis e Margarida Veiga. O ministério não avançou nomes, mas anteontem já haveria substituto para Veiga. Vanessa Rato