Milhares de pessoas presas no trânsito tentam fugir ao furacão "Rita"
Os ventos que arrastam o "Rita" atingem velocidades de 225 quilómetros/hora mas a viragem à direita que o furacão fez nas últimas horas afasta-o de Houston, a quarta maior cidade dos EUA, e de Galveston, ambas no Texas, apesar de toda a região sentir os efeitos da aproximação da tempestade.
O êxodo das cidades pára na estrada. "Este é o pior planeamento que já vi", queixa-se Judie Anderson, que em 12 horas fez apenas 72 quilómetros ontem à tarde depois de ter abandonado a sua casa num subúrbio de Houston. "Dizem que aprendemos muito com o furacão "Katrina". Bom, não conseguem prová-lo por mim".
No total, as autoridades estatais ordenaram a saída de cerca de dois milhões de pessoas ao longo da costa dos estados do Texas e Luisiana para que não sofram o impacto directo do furacão, que tem agora a força de categoria 4 na escala de 1 a 5 de Saffir Simpson.
Na estrada, vive-se um pesadelo de trânsito. Todas as auto-estradas que se dirigem ao interior do estado estão repletas. Muitos condutores ficam sem gasolina depois de 14 horas de engarrafamento e procuram em vão por vagas nos hóteis à beira da estrada. Alguns fartaram-se do tráfego e voltaram para casa.
Ainda assim, ontem à noite alguns engarrafamentos estavam a aliviar nas principais artérias de Houston, segundo um porta-voz do governador. As autoridades vão tentar transportar mais de 750 litros de gasolina para as estações de serviço que ficaram sem reservas e o combustível será levado aos automobilistas parados.
Algumas auto-estradas estão a ser fechadas no sentido que leva a Houston para que oito faixas fiquem dedicadas à saída da cidade. As autoridades estatais frisaram que as pessoas que saíram da cidade dois dias antes do furacão chegar e que ainda se encontram em filas gigantes devem ser pacientes, porque vão conseguir chegar aos seus destinos, frisando que será apenas demorado.
O rumo de "Rita" dirigia-o, inicialmente, para Houston e Galveston, mas a mudança de sentido aponta que as localidades que poderão senti-lo na sua força máxima serão Port Arthur (Texas) ou Lake Charles (Luisiana), além de Nova Orleães, onde desde ontem já chove torrencialmente.
Além da segurança pessoal dos americanos que se encontram em fuga ou sem meios para abandonar as regiões em perigo, os EUA temem pelas suas refinarias de petróleo, cuja maior concentração está naquela costa do Golfo do México. Os ambientalistas já fizeram cenários de pós-furacão e avisam que um derrame tóxico das 87 fábricas e instalações petrolíferas é uma possibilidade.
Há três semanas, o "Katrina" arrasou Nova Orleães e o balanço total de vítimas chega hoje às 1069 na região do Golfo.