A caça a Adolf Eichmann
Adolf Eichmann, o homem que Hitler encarregou de concretizar a "solução final", foi capturado pela Mossad na Argentina em 1960. A justiça israelita julgou-o e condenou-o à morte, num longo processo (1961-1962) que foi uma viragem em relação à consciência do Holocausto.A informação decisiva para a detecção de Eichmann terá sido dada pelo procurador alemão Fritz Bauer, é a convicção do historiador Tom Segev. "Não sei bem qual foi o papel de Simon Wiesenthal, mas não foram os dados dele que conduziram à captura. Bauer soube do paradeiro de Eichmann e informou Israel. "
Isser Harel, chefe da Mossad quando Eichman foi capturado, chegou a dizer que o contributo de Wiesenthal era uma "invenção". Outros acusaram-no de ter exagerado o seu papel. Wiesenthal respondeu uma vez que nunca reclamara ter sido o único a contribuir para a captura, e que não estava certo de como a Mossad usara a informação que lhes dera, em 1954.
Quem era Fritz Bauer? E como soube ele do paradeiro de Eichmann, que na Argentina usava o nome Ricardo Klement?
No livro The Real Odessa: How Peron Brought the Nazi War Criminals (2003), o jornalista argentino Uki Goni, correspondente do Guardian em Buenos Aires, compilou uma pesquisa de fundo, que teve largo eco entre os investigadores em Israel.
Segundo Goni, no seu refúgio de Los Olivos, um bairro de Buenos Aires, Eichmann tinha como vizinhos a família de Lother Hermann. Houve mesmo um romance entre os jovens das duas famílias. Até que Hermann, que era um judeu fugido dos nazis, descobriu que Eichmann era Eichmann. E escreveu ao Governo alemão.
A carta foi parar a um procurador-geral, também ele judeu, Fritz Bauer, que voltara à Alemanha após a perseguição nazi. E Bauer informou os serviços secretos israelitas, com receio de que, se o seu Governo pedisse uma extradição, Eichmann desaparecesse entretanto.
"Ele veio a Israel numa visita secreta", diz o investigador israelita Yehuda Bauer (nenhuma relação com Fritz). "Wiesenthal terá dado o seu contributo. A Mossad recebeu informações de muita gente. Mas quem apontou o caminho decisivo foi Fritz Bauer." A.L.C., Jerusalém