identificado gene que controla simetria do corpo
Através de experiências em embriões de pintos e peixes, quatro investigadores portugueses identificaram um gene essencial para o estabelecimento da simetria entre o lado esquerdo e o direito do corpo. O trabalho foi publicado na revista Nature Cell Biology.Leonor Saúde, Raquel Lourenço, Alexandre Gonçalves (do Instituto Gulbenkian da Ciência, em Oeiras) e Isabel Palmeirim (Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde, em Braga) tentaram perceber o mecanismo genético da simetria das vértebras, costelas e músculos do tronco. Descobriram que o gene Terra, que já se sabia actuar na formação dos músculos, é muito importante para a simetria do corpo.
As vértebras, as costelas e os músculos do tronco formam-se a partir de blocos de tecido embrionário - chamados sómitos -, explica um comunicado do Instituto Gulbenkian da Ciência. Esses blocos distribuem-se em duas filas, uma de cada lado da futura medula espinal do embrião. E é um relógio genético que comanda a formação de cada um dos pares dos blocos, no tempo e no espaço.
O que a equipa portuguesa descobriu foi que esse relógio precisa de um sincronizador: e o gene Terra é esse sincronizador, que mantém na ordem o tiquetaque do relógio. Se o "Terra" não estiver a funcionar, os sómitos que darão origem às vértebras, costelas e músculos do tronco não se formam em simultâneo. Portanto, o relógio fica dessincronizado: os tecidos vão desenvolver-se mais depressa de um dos lados.
Foi isso que mostraram as experiências com os embriões. Se daqui resultariam animais com mais costelas de um lado, por exemplo, a equipa não sabe, porque os embriões não se desenvolveram até esse ponto. Mas este trabalho mostra que o Terra é importante no início do desenvolvimento do embrião.
Os investigadores também perceberam que o sincronizador do relógio não está apenas a trabalhar nos blocos de tecido que vão originar as vértebras, costelas e músculos, mas ainda antes da sua formação, logo nas primeiras horas de vida do embrião.
Em relação à assimetria dos órgãos internos do corpo (por exemplo, o facto de só termos um coração ou um fígado), ainda não está muito claro o papel deste gene. Mas sabe-se que activa outros genes necessários para que os órgãos sejam assimé-
tricos. Teresa Firmino