Robôs Spirit e Opportunity continuam cheios de energia a estudar a geologia de Marte
Desde que chegaram a Marte, em Janeiro de 2004, os robôs Spirit e Opportunity, da missão Mars Exploration Rovers, não pararam de surpreender. A NASA nunca pensou que o sucesso deste projecto ultrapassasse tanto as expectativas. Concebidos para durarem 90 dias, o Spirit já trabalha há 560 dias marcianos (um dia ou sol em Marte dura mais cerca de 40 minutos que um dia na Terra), e o Opportunity há 490 dias. No currículo dos robôs estão descobertas que puseram a ciência de queixo caído, como os segredos da camada ferruginosa que cobre Marte. Os robôs revelaram que o planeta é muito pouco vermelho em certas zonas, onde o óxido de ferro, que lhe dá o aspecto avermelhado, ele próprio um produto da acção da água, é uma camada muito fina.
A geologia dos dois locais de aterragem revelou também que a superfície de Marte tem de ter sofrido a interacção de água em estado líquido, uma vez que as rochas da planície Meridiani, onde o Opportunity aterrou, é formada por rochas polidas. Se não existe ali água no seu estado líquido, já houve.
O grande enigma é onde é que vão buscar tanta energia. Os painéis solares, capazes de produzir 900 watts por dia, foram ganhando gelo (as temperaturas oscilam entre os 100 e os 20 graus negativos) e pó. Mas hoje a energia dos robôs está no auge.
Em Dezembro de 2004, os painéis sujos apareceram limpos como se tivessem passado por uma lavagem. A culpa é dos demónios de pó, pequenos tornados que já se sabia que existiam em Marte desde os tempos do robô Sojourner, em 1997, mas que o Spirit e Opportunity fotografaram pela primeira vez. O brinde pode ter sido uma sopradela do pó dos painéis. O Spirit e o Opportunity, apesar de velhinhos, estão ainda imparáveis. A.M.