É uma coisa rotineira, e Softley não é capaz de encontrar chama que ilumine um registo convencional. Não tem nada de fundamentalmente errado, mas também não tem nada de fundamentalmente certo - a perfeita rotina sem sabor nem cheiro. A seu favor jogam uma certa parcimónia no recurso a efeitos especiais de mau gosto (não há tantos como se tem vindo a tornar hábito em filmes similares) e mais uns quantos aspectos curiosos (ou potencialmente curiosos), que assinalaremos a seguir.
A história tem premissas simples - uma rapariga (Kate Hudson) é contratada para cuidar de um homem (John Hurt), paralisado depois de uma trombose (ou coisa parecida), que vive algures perto de Nova Orleães com a mulher (Gena Rowlands). Ora, a casa onde eles vivem e a rapariga se instala, para além do seu aspecto anacrónico, contém não poucos mistérios, e em breve se percebe que esses mistérios giram em torno de rituais e práticas aparentadas às do "voodoo". Este aspecto "regionalista" é minimamente curioso, já que o filme se alimenta de múltiplos cruzamentos culturais do sul dos EUA para construir a sua trama ao mesmo tempo que (sobretudo através da personagem de Gena Rowlands) reenvia para a mitologia do "old South" - Softley não tem unhas nem demonstra interesse para chegar a qualquer coisa de mais consequente com este material, mas ainda assim o ambiente tem momentos em que funciona (e é o melhor do filme).
O "cast" tem os seus méritos. Gena Rowlands, sobretudo, num tipo de papel relativamente novo na sua carreira (deve ser a primeira personagem de "velhinha" a que dá corpo). Mas Rowlands, impecável em tudo, do sotaque à maneira como curva ligeiramente as costas e se faz de mais velhinha do que é, mostra bem os limites do filme que tem à volta dela, é actriz (e personagem) a mais para tão pouca coisa. No resto, Kate Hudson não se sai mal, o habitualmente excelente Peter Sarsgaard faz o que pode com um papel limitado, e John Hurt idem com um papel ainda mais limitado.
O final tem "twist", e por uma vez é um "twist" que cai bem, até por alguma auto-ironia. É o último "pró" de que nos conseguimos lembrar, num filme que transforma em "contra" quase tudo o resto.