Rui Sá acusa Câmara do Porto de "infernizar" bairro em Campanhã
A Câmara do Porto está a tornar difícil a vida dos moradores do Bairro de S. Vicente de Paulo, em Campanhã, com o objectivo de, progressivamente, desocupar aquele terreno com vista para o rio e para o futuro Parque Oriental. Esta é a convicção de Rui Sá, vereador com o Pelouro do Ambiente e candidato da CDU à presidência da autarquia portuense, que visitou ontem esta antiga urbanização com 220 habitações. "A Câmara do Porto quer infernizar a vida de quem cá mora, deixando as casas devolutas serem vandalizadas, para que as pessoas fiquem saturadas e acabem por ir embora", afirmou o autarca comunista aos moradores. O edil recordou o caso do Bairro da Rainha D. Leonor, que esteve prestes a ser demolido no mandato anterior, liderado por Nuno Cardoso. Bastou a chegada de Rui Rio à Praça do General Humberto Delgado para que o cenário fosse revertido, frisou Rui Sá, que sublinhou, contudo, o facto de dezenas de casas da urbanização permanecerem devolutas ou vedadas por taipais. A opção política de Rui Rio no caso Rainha D. Leonor, no entanto, parece funcionar às avessas no Bairro de São Vicente de Paulo. O vereador comunista acredita que este executivo pretende pôr em marcha nesta urbanização uma estratégia de limpeza gradual de um terreno que, não por coincidência, está numa zona de expansão imobiliária.
Na proposta de recomendação da CDU apresentada há uma semana ao executivo - e aprovada com sete votos a favor e cinco contra -, Rui Sá afirmava mesmo que se trata de "métodos em tudo idênticos àqueles que foram seguidos pela câmara anterior". O documento aprovado pelo executivo determina que as casas devolutas sejam entaipadas, evitando ocupações clandestinas e o sentimento colectivo de insegurança, assim como a elaboração de um estudo técnico, económico e social que fundamente a hipótese de demolição do bairro. O ponto mais fulcral da proposta de recomendação, no entanto, será o pedido de suspensão do processo de desalojamento dos moradores até ao fim do mandato. Uma parte significativa dos 22o habitantes é composta por idosos - todos aqueles que prestaram ontem declarações aos jornalistas não aventavam a hipótese de mudar de lar. Andreia Azevedo Soares