Irão ameaça retomar actividades para enriquecer urânio
A reacção de Teerão chegou depois do gabinete do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico ter avançado hoje que o Reino Unido, França e Alemanha vão apresentar “propostas completas e detalhadas” de cooperação apenas dentro de uma semana. Os três países têm tentado convencer o Irão, enquanto representantes da União Europeia, a renunciar ao enriquecimento de urânio (actividade susceptível de ser usada para fabricar armas nucleares) em troca de cooperação económica e tecnológica. Nesse sentido, deverão apresentar em Agosto quais as contrapartidas oferecidas ao Irão e que deverão incluir ajuda para o desenvolvimento de uma central nuclear de fins exclusivamente civis.
Caso o Irão retome as suas actividades para o enriquecimento de urânio, a União Europeia e os Estados Unidos já advertiram as autoridades iranianas que irão apelar ao Conselho de Segurança da ONU que imponha sanções ao Irão.
A República islâmica exigiu ontem que as propostas europeias deveriam ser entregues de imediato, sublinhando que essa data ficou estabelecida durante uma ronda de negociações em Maio, em Londres. “Se não recebermos as propostas da União Europeia hoje, amanhã iniciaremos parte das actividades na unidade de conversão de urânio de Isfahan”, afirmou hoje na televisão pública iraniana Ali Aghamohammadi, porta-voz do Supremo Conselho Nacional de Segurança.
Nas instalações da fábrica de Ispahan transforma-se o minério de urânio num pó fino, que depois é purificado através de um processo químico e reconstituído na sua forma sólida, dando origem ao "yellow cake" (nome que deriva da sua cor amarela), que consiste em 60 a 70 por cento de urânio, sendo já um material radioactivo. O "yellow cake" é posteriormente aquecido, sendo convertido em gás (hexafluorido de urânio), o que permitirá a sua transferência para centrifugadoras nucleares onde se procederá ao seu enriquecimento.
O urânio enriquecido destina-se a fabricar combustível para as centrais nucleares civis, mas também pode servir propósitos bélicos, como a construção da bomba atómica. O Irão afirma querer apenas produzir urânio enriquecido na fabricação de combustível.
No passado dia 15 de Junho, o Irão admitiu ter feito experiências com plutónio, um material susceptível de ser usado no fabrico de armas nucleares, até 1998, muito depois do que inicialmente tinha confessado.
A revelação levou os EUA exigirem que o assunto seja levado ao Conselho de Segurança da ONU (o organismo com capacidade para aprovar sanções internacionais), mas os países europeus têm optado por tentar convencer o Irão a renunciar às partes mais sensíveis do seu programa nuclear, que Teerão garante ter como objectivo a produção de energia.