Isto dito, "O Quarteto Fantástico", na sua banalidade de produto embalado em linha de montagem, tem alguns pontos a seu favor quando comparado com outras conversões ao cinema de super-heróis da BD. A total ausência de "metafísica", por exemplo: não há aqui grandes discussões sobre o "bem" e o "mal", nem a habitual pose de grandiloquência a condizer; e os quatro "fantásticos" aprendem relativamente bem a viver com as suas novas condições (o Tocha delira com o seu próprio fogo, e se o Coisa passa um mau bocado com a sua aparência de boneco da Michelin esculpido em pedra, acaba por se habituar e no fim já não quer outra coisa), sem grandes dramatismos existenciais.
Mais distendido do que é costume, pouco sisudo, capaz de empregar o humor - as melhores cenas até são aquelas em que as personagens vão descobrindo os novos poderes, mas ainda são incapazes de os controlar como deve ser. É a altura em que é minimamente possível simpatizar com o filme, tanto mais que ele tem um aspectodespretensioso, "pequeno" e compacto como um episódio-piloto de série de TV (e um pouco tosco, também).
Mas inevitavelmente, e mesmo com esses desvios, mais tarde ou mais cedo "O Quarteto Fantástico" teria que se reconduzir à fórmula do filme de super-heróis - e fá-lo no terço final, no festival de pirotecnia acéfala (não conseguimos chamar-lhe "espectáculo") que é da praxe. Fãs do género e gente com especial interesse em transposições de BD para cinema, o filme é para vocês. Os outros, abstenham-se.