Governo promete fazer obras do "orçamento limiano"
Prolongamento do IC1 até Valença vai dar os primeiros passos. Ontem houve protestos por causa do corte
de caminhos
A auto-estrada que liga Ponte de Lima a Viana do Castelo, a Scut A27/IP9, foi inaugurada ontem de manhã, com a presença do secretário de Estado adjunto das Obras Públicas e Comunicações, Paulo Campos. "Em Setembro lançaremos o concurso para o estudo prévio do prolongamento do IC1", prometeu este membro do Governo.A promessa foi acompanhada da garantia de execução de todas as obras exigidas em 2001 por Daniel Campelo, o presidente da Câmara de Ponte de Lima, quando assegurou a viabilização do Orçamento de Estado do Governo de António Guterres, que passou a ser conhecido como "o orçamento do Queijo Limiano". Entre elas estão a referida continuação do IC1 até Valença, uma nova travessia sobre o rio Lima, o acesso ao porto comercial de Viana do Castelo e uma variante a sul de Ponte de Lima, obra com estudos efectuados, que aguarda apenas a adjudicação.
Para que esse pacote de obras seja integralmente executado pelo Governo, Daniel Campelo não pôs de parte a possibilidade de recorrer de novo a uma greve de fome. "Prometi às minhas filhas não fazer mais greves de fome, mas elas compreendem se eu lhes faltar à palavra", disse o autarca. "Obviamente que os compromissos serão cumpridos escrupulosamente", afiançou Paulo Campos, em resposta, sem, no entanto, definir um prazo para o lançamento dos empreendimentos. "Os compromissos são para ser respeitados; o difícil é calendarizá-los", explicou o governante.
O restabelecimento das vias cortadas pela passagem do IP9, situação que está a provocar o descontentamento das populações de três freguesias de Viana e que levou à organização de um protesto simultâneo à inauguração da auto-estrada, foi outra das garantias deixadas por Paulo Campos: "Nos próximos 60 dias serão assegurados os restabelecimentos".
Dúvidas quanto à passagem superior
O anúncio agradou aos moradores, representados pelo observatório cívico Sacada, apesar da persistência de algumas dúvidas. "Duvidamos da viabilidade desse prazo, pelo menos quanto à construção da passagem superior que reivindicamos", declarou ao PÚBLICO Orlando Gonçalves, membro daquele organismo, concedendo, porém, a suficiência de "um processo formalmente assumido pela empresa".
Depois de terem sido recebidos por um assessor do secretário das Obras Públicas, os moradores das freguesias afectadas viram ainda agendada para 25 de Julho uma reunião, a realizar no local, com técnicos do Instituto de Estradas e da empresa construtora, a espanhola Ferrovial. A mobilização, que decorreu "de forma ordeira", reuniu cerca de 40 pessoas, segundo o comandante do Grupo Territorial de Viana da GNR, João Sousa.