Orquestra Filarmonia das Beiras de volta aos palcos já este ano

A Associação Musical das Beiras decidiu dar continuidade ao projecto
musical, que conta com quase todos os seus elementos. Músicos têm agora
contratos a termo certo. Por Patrícia Coelho Moreira

A Orquestra Filarmonia das Beiras (OFB) acaba de ser salva e já pode preparar-se para voltar aos palcos. A Associação Musical das Beiras (AMB) decidiu ontem, numa assembleia geral realizada em Aveiro, dar continuidade ao projecto musical que chegou a estar condenado à extinção. O longo e conturbado processo que corria desde Outubro do ano passado chega assim ao fim, com a viabilização da orquestra, que mantém a quase totalidade dos seus elementos, agora contemplados com contratos de trabalho a termo certo. "É uma excelente notícia, é tudo o que pretendíamos", avalia Rui Rosa, da comissão de músicos, perante a decisão tomada.O regresso aos espectáculos ainda não está agendado, mas é certo que a OFB pode reiniciar a sua actividade. Ao final da tarde de ontem, os associados da AMB votaram, com apenas uma abstenção, pela continuidade do projecto que entrou em crise há nove meses, devido a conflitos laborais com os músicos. O processo que custou a demissão do então vereador da Cultura da Câmara de Aveiro, Manuel Ferreira Rodrigues, desembocaria na criação de uma comissão, que ficou encarregada de apresentar uma proposta de viabilização da orquestra.
Foi ao órgão presidido pela Universidade de Aveiro (UA), e composto pelas Câmaras de Albergaria, Aveiro, Coimbra, Figueira da Foz e Leiria, que coube negociar novas condições de trabalho para os músicos.
"Ficou agora comprovado que a orquestra é capaz de existir com contratos de trabalho", sublinha Rui Rosa, referindo tratar-se de contratos a termo certo, o primeiro dos quais com uma duração um pouco superior a dois anos. "É esta a proposta que nos foi apresentada. Depreendo que seja a proposta possível, mas talvez o futuro permita uma alteração no sentido de algo mais definitivo", comenta este responsável.

23 de um totalde 27 músicos confirmados
"Conseguimos chegar a acordo com praticamente todos os músicos da orquestra, mais precisamente com 23 de um total de 27, o que é muito bom", defende, por seu turno, Manuel Assunção, vice-reitor da UA. "Os sócios decidiram manter a OFB, é uma boa notícia", continua este responsável, lembrando que o Ministério da Cultura "mostrou abertura para, dentro da mesma lógica que já estava estabelecida, reactivar o protocolo de apoio à orquestra, que nunca chegou a ser denunciado, mas apenas deixou de estar activo". Quanto ao retorno do corpo musical aos palcos, Manuel Assunção não avança com datas, mas está convicto de que a OFB "volta a tocar este ano, com certeza".
"Tentámos tudo para que a viabilização da orquestra se concretizasse. Havendo boa vontade dos associados, temos um casamento feliz", sublinha ainda Rui Rosa, sobre o desfecho feliz de um longo e "muito doloroso processo", que custou vários meses de dificuldades a alguns elementos da orquestra.
A decisão de extinguir a associção que suporta a OFB foi tomada numa assembleia geral que teve lugar em Coimbra, no passado dia 6 de Outubro, devido às reivindicações dos músicos. Os elementos da orquestra exigiam condições contratuais para trabalhar, e chegaram mesmo a recorrer aos tribunais.
Ontem começou a ser escrito um novo capítulo da vida do projecto que passará a ter na direcção da AMB a própria UA. A vice-presidência da entidade foi entregue à Câmara da Figueira da Foz.

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