Portugueses estão mal informados mas confiantes
Investigação aplicada
é reconhecida como
factor do sucesso económico em Portugal
Os portugueses têm uma relação ambivalente com a ciência. Por um lado, têm uma visão optimista sobre as descobertas científicas, mas são dos países que menos se interessam por elas. Apenas dez por cento dizem ler artigos em revistas, jornais ou na Internet sobre ciência e só é tema de conversa para seis por cento dos portugueses. Pior só a Itália, em que apenas quatro por cento confessam conversar sobre tema. Mas, apesar de mal-informados, os portugueses têm fé nas potencialidades da ciência. Os resultados do Eurobarómetro sobre a atitude dos cidadãos face à ciência mostram que Portugal está sempre uns pontos acima da média europeia, no que toca a expectativas de futuro, como a de que a ciência permita resolver todos os problemas da humanidade.
Só que, quando se pergunta aos portugueses qual a importância da ciência no seu dia-a-dia, a resposta é desanimadora: 50 por cento diz que não é importante. Ainda assim, 69 por cento dos portugueses concordam que a ciência e as novas tecnologias podem tornar o seu trabalho mais interessante - mas este é um dos valores mais baixos entre os 32 países em que foi feito o inquérito.
No entanto, a ideia da inovação e do choque tecnológico parece estar a entrar na consciência colectiva: 73 por cento concordam que a economia só se pode tornar mais competitiva se forem aplicadas as mais avançadas tecnologias (um dos valores mais altos na Europa). Quanto ao impacte da tecnologia no emprego, Portugal está no topo da tabela entre os que acham que, somando tudo, acabarão por criar mais empregos do que eliminá-los, embora 48 por cento considerem que não é isso que se passa.
Os resultados em que os portugueses mais se distanciam da média europeia, em alta, nas expectativas para os próximos 20 anos, dizem respeitos aos avanços nos telemóveis e comboios de alta velocidade.
Mas o inquérito mostra que os portugueses terão, talvez, demasiado entranhada a ideia de que é preciso aplicar as novas invenções e descobertas à indústria e à economia. A investigação básica, isto é, sobre questões que permitem conhecer funcionamentos básicos da biologia, da química, da física ou de qualquer outra ciência, sem ser dirigida para determinados objectivos, não é muito considerada pelos portugueses: 34 por cento dizem que não é essencial para o desenvolvimento de novas tecnologias. É o único ponto do inquérito em que os portugueses encimam mesmo a tabela.