Governo de Timor nega monopólio de armas de Bader Alkatiri
Empresa do irmão do primeiro-ministro terá obtido o negócio por decisão de Alkatiri
As autoridades de Timor-Leste desmentiram ontem que o irmão mais novo do primeiro-ministro teria obtido o monopólio da compra de armas e munições para as forças de segurança timorenses, noticiou a Lusa.De acordo com o jornal The Australian, a Cavalo Bravo PTY, empresa de Bader Alkatiri, teria obtido o monopólio por decisão pessoal do chefe do Governo, Mari Alkatiri. O gabinete do primeiro-ministro recorda que todas as compras do Governo são feitas por concurso público internacional.
O chefe de Estado-Maior General das Falintil-Forças de Defesa de Timor-Leste, brigadeiro-general Taur Matan Ruak, nega que a empresa Cavalo Bravo esteja mandatada para comprar equipamento militar em nome do Estado timorense, nomeadamente tanques, barcos patrulha e helicópteros de ataque. "É uma mentira, é uma especulação", sintetizou. O secretário de Estado da Defesa, Roque Rodrigues, considera "ridículo" falar-se na compra de armamento de guerra como tanques ou helicópteros. "Vamos é investir no combate à pobreza, na melhoria das condições de vida dos veteranos das Falintil, das viúvas e dos órfãos".
Por outro lado, o ministro do Interior, Rogério Lobato, sustenta que a compra de munições era essencial para o funcionamento da PNTL, sobretudo a partir do momento em que se começou a verificar a saída das forças de segurança da ONU. "Dado o downsizing das Nações Unidas, o Estado timorense teve de ocupar algumas posições. (...) As armas têm que ter munições e o pessoal tem que ter treino contínuo para poder usar as armas em segurança."
Fontes ligadas ao comércio internacional de armas adiantaram à Lusa que pelo menos um dos tipo de armamento que o The Australian alega ter sido vendido a Timor-Leste, um número indeterminado de metralhadoras MP5 A3, não se realizou. Os restantes negócios referidos pelo jornal foram confirmados por fontes contactadas a partir de Díli.
O empresário Bader Alkatiri, em declarações à Lusa, repudiou as notícias que o envolvem no negócio de armas e considerou que tais informações visam atingir o seu irmão. "Essas alegações são uma completa mentira. O meu irmão não sabe de nada, porque foi um concurso e estas notícias talvez o queiram atingir", salientou.
Xanana Gusmão afasta recandidatura
Entretanto, o Presidente reafirmou ontem que não concorrerá a um novo mandato nas eleições de 2007. Xanana Gusmão, um antigo guerrilheiro que combateu a ocupação indonésia de Timor-Leste, afirmou ontem que as presidenciais e legislativas de 2007 serão uma boa altura para o país se afirmar como uma democracia. "Tenho de dar o exemplo de que a democracia não é chegar ao poder e tentar lá ficar por muito tempo", declarou à Reuters durante a sua primeira visita a Sydney desde que foi eleito. "Tenho passado os últimos cinco anos a dar atenção à estabilidade interna, à união nacional, à democracia. Mas no próximo período, outro Presidente terá novos deveres, e acho que devemos começar a olhar para as questões internacionais e pôr Timor-Leste em posição de ter uma palavra a dizer."