Pedida suspensão de demolições na Azinhaga dos Besouros
Há oito famílias sem casa desde Maio no bairro da Amadora
A Comissão de Moradores da Azinhaga dos Besouros pediu ontem ao presidente da Câmara Municipal da Amadora (CMA) que suspenda as demolições em curso no bairro e reate o diálogo com os residentes, pedindo uma audiência o "mais urgentemente possível". Em carta entregue nos paços do concelho, a comissão de moradores relembra que existem neste momento no bairro "63 famílias, homens, mulheres e crianças, em situação precária sob o ponto de vista social, económico e de saúde, que merecem ser tratadas com toda a dignidade e cuja situação a CMA conhece e não pode ignorar".
Rita Silva, da Associação Solidariedade Imigrante, que tem estado a ajudar a comissão de moradores a fazer um levantamento dos casos existentes, explicou ontem ao PÚBLICO que, das 63 famílias, "oito encontram-se desalojadas desde 3 de Maio e a viver em casas de outras pessoas do bairro".
As restantes famílias são agregados familiares que chegaram ao bairro depois de 1993, quando encerrou o Programa Especial de Realojamento (PER), ou não apresentaram toda a documentação ou se encontravam fora do bairro na altura do processo.
"O que pedimos é que parem as demolições até que se analise situação a situação." A última demolição ocorreu na quinta-feira, dia 9. "Ontem, a máquina esteve no bairro mas não demoliu nada."
A comissão defende que tem manifestado junto da autarquia "as suas preocupações em relação à política de realojamento e às demolições prepotentes e muitas vezes ilegais que se têm verificado", mas queixa-se de "desprezo".
"O desprezo com que fomos recebidos tanto pela polícia como pelos seguranças em serviço nos dias 9 e 13 de Junho faz-nos pensar que [a câmara] não estará interessada no diálogo que pretendemos encetar com vista a apresentarmos um relatório do levantamento pormenorizado da situação das famílias em causa e a sua discussão", lê-se na carta.
A Comissão de Moradores acusa ainda a polícia de serviço junto à autarquia no dia 9 de ter enganado a comunicação social ao ter afirmado que não havia ninguém com responsabilidades na Câmara da Amadora com disponibilidade para recebê-los e para informá-los sobre a situação que se vive no bairro.
"Não podemos ter os municípios limpos de barracas deixando as pessoas na rua", defendem os moradores.
Não foi possível obter uma reacção da Câmara da Amadora sobre este assunto até à hora de fecho desta edição.