Moradores da Azinhaga dos Besouros voltam a manifestar-se contra demolições
Polícia Municipal da Amadora assegura que operações iniciadas em Maio "não vão parar"
Cerca de 40 pessoas manifestaram-se ontem à tarde frente à Câmara da Amadora pelo fim das demolições do Bairro da Azinhaga dos Besouros e por soluções de arrendamento económico alternativas ao Programa Especial de Realojamento (PER)."Tanto a câmara como o Governo têm de pensar em alternativas de arrendamento, porque as pessoas não podem ficar na rua", disse Rita Silva, da Associação Solidariedade Imigrante, uma das organizadoras do protesto.
A dirigente adiantou que estão na iminência de ficar sem casa 60 agregados familiares, que não se inscreveram no PER em 1993. A Associação e a recém-criada Comissão de Moradores aguardam ser recebidas pelo presidente da Câmara da Amadora, o socialista Joaquim Raposo.
A autarquia diz que as demolições, que começaram no início de Maio, decorrem no âmbito do PER e o facto dos moradores ficarem desalojados resulta de não terem feito o recenseamento em 1993 e de terem deixado passar todos os prazos sem contestar.
Segundo o comandante da Polícia Municipal, comissário Pinheiro dos Santos, "quem não provou que vivia no bairro em 1993 não pode ter casa". O oficial assegurou que as "as demolições não vão parar".
Rita Silva disse à Lusa que os moradores que não se inscreveram no PER estavam em viagem ou ausentes devido a trabalho sazonal ou não conseguiram juntar todos os documentos necessários.
Outro dos problemas avançados pela dirigente associativa é o do "desdobramento das famílias", já que "há pessoas que eram crianças na altura e hoje têm mais de 20 anos, casaram e tiveram filhos".
Apesar da garantia do comissário Pinheiro dos Santos de que os desdobramentos das famílias estão a ser feitos, a activista diz que a autarquia "não está a dar solução a todos os casos".