Ajudas públicas à Airbus e à Boeing chegam à OMC
Conflito entre a administração Bush e a Comissão Europeia sobe de tom e passa para a autoridade mundial do comércio
O conflito das ajudas de Estado à Airbus e à Boeing subiu ao patamar mais elevado: ontem, a administração norte-americana e a Comissão Europeia entregaram à Organização Mundial do Comércio (OMC) pedidos de constituição de comissões arbitrais para resolver a crise que as opõe quanto às subvenções concedidas às duas construtoras de aviões. "Face à ausência de vontade da Comissão Europeia de cessar os subsídios para um importante programa da aviação comercial, os Estados Unidos anunciam que vão entregar o pedido de constituição de um painel de arbitragem junto da Organização Mundial do Comércio (OMC)", indicou, em comunicado, o representante norte-americano para o Comércio. Robert Portman censura os Estados-membros da União Europeia por estarem a preparar "um pacote de subsídios de 1700 milhões de dólares ligado ao risco de lançamento" do avião A350.
Na terça-feira passada, o gigante aeronáutico norte-americano Boeing declarara-se pronto a ajudar a administração Bush a levar o dossier das ajudas públicas à Airbus junto da OMC, caso estas não fossem suprimidas. O Governo norte-americano ameaçara recentemente a UE com processos junto da OMC, no caso de o consórcio europeu Airbus obter ajudas ao lançamento do seu futuro programa de avião A350, destinado a concorrer com o 787 "Dreamliner" da Boeing.
A resposta da Comissão Europeia não se fez esperar. Ontem, o comissário responsável pelo Comércio, Peter Mandelson, acusou a Boeing de estar a manipular o Governo americano por ter receio de uma concorrêncioa leal com a Airbus, mas acrescentou que Bruxelas não pretende que o conflito ganhe proporções de uma guerra comercial.
"A Boeing esteve claramente aos comandos neste caso. Politicamente, ela tem Washington nas mãos", afirmou Mandelson, acrescentando que a companhia aeronáutica de Chicago tem medo da concorrência e lembrando que também ela é objecto de "generosos" apoios públicos, calculados em muitos milhões de dólares, nomeadamente para a sua mais recente criação, o 787. Considerado pela Airbus como o avião mais subvencionado do Mundo, o novo 787 nunca seria lançado sem os apoios que recebeu da administração norte-americana, considerou o comissário europeu.
A próxima reunião da comissão que analisa este tipo de conflitos comerciais está marcada para o próximo dia 20 de Junho, mas os Estados Unidos solicitaram urgência na análise da questão e pediram que o encontro fosse antecipado uma semana. Bruxelas reivindica que o seu pedido seja também analisado a 13 de Junho, em conjunto com o norte-americano. Com agências