Uma viagem à América dos gangsters
Al Capone e os seus homens são os rivais de Tintim nesta história. Em mais uma luta entre o bem e o mal, o repórter belga opõe estratégias surpreendentes aos obscuros esquemas dos bandidos
Ana Filipa Gaspar
A fama de Tintim rapidamente atravessou o oceano Atlântico e chegou ao continente americano. Nesta aventura, o jovem repórter e o seu companheiro canino partem para o Novo Mundo com o objectivo de conhecer a Chicago da década de 30, cidade com três milhões de habitantes situada à beira do lago Michigan. Em plena época da proibição, Tintim quer assistir ao vivo à guerra dos gangs... mas esta ideia não agrada aos gangsters, que, de imediato, se preparam para a sua chegada.Quando Hergé decidiu criar Tintim na América, teve uma ideia que acabaria por se tornar frequente nas suas bandas desenhadas: introduzir uma personagem da vida real na história. O escolhido foi Al Capone, o único vilão real das aventuras de Tintim, que aparece com o seu próprio nome e é retratado com a sua famosa cicatriz. Na época, o célebre gangster norte-americano era já um mito e era quase impensável que não participasse nesta história sobre a América dos anos 30. Para os negócios obscuros de Scarface, um herói como Tintim seria um "um adversário terrível" e, por isso, Al Capone torna-se o vilão ideal para mais um combate entre o bem e o mal.
No DVD, vemos uma das raras situações em que o repórter está a trabalhar. Utilizando uma máquina de escrever, Tintim explica a Milu que a sua reportagem sobre Chicago só poderá ser fiel à realidade se visitarem a cidade norte-americana e enfrentarem os gangsters. É este o ponto de partida para que o herói revele a sua coragem inabalável. Numa história repleta de acção, assistimos às inúmeras estratégias que Tintim encontra para se salvar e enganar os bandidos.
A principal diferença em relação à história original é a ausência dos índios norte-americanos, que sempre fascinaram o autor belga. Esta alteração pode ser explicada por diversos motivos, nomeadamente o facto de a sequência da descoberta do poço de petróleo na reserva índia ter gerado alguma polémica durante a publicação desta aventura e diversos editores nacionais terem tentado que Hergé a modificasse na versão colorida. Mas o papel secundário desempenhado pelos peles-vermelhas em Tintim na América fica a dever-se tanto às pressões para abordar a questão do sindicato do crime de Chicago como à escassa documentação que o autor conseguiu reunir sobre os habitantes originais do continente.
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