Magalhães Crespo deixa liderança da Renascença

Presidente executivo é agora João Aguiar Campos, padre que
tem dirigido
o Diário do Minho

O principal gestor da Rádio Renascença nas últimas três décadas e vice-presidente da estação nos anos mais recentes, Magalhães Crespo, vai deixar de ter funções executivas na emissora católica. O principal administrador da rádio passa a ser o padre João Aguiar Campos, até aqui director do Diário do Minho, que será nomeado presidente executivo. A passagem de Magalhães Crespo, 75 anos completados no passado mês de Abril, a presidente emérito foi ontem comunicada aos directores da estação e tornada pública através de um comunicado divulgado a meio da tarde. Trata-se, de acordo com a decisão do Patriarcado de Lisboa e da Conferência Episcopal Portuguesa, os sócios da estação, de um "reconhecimento e louvor pelos serviços prestados" desde 1974.
O novo presidente do conselho de gerência, João Aguiar Campos, que toma posse em meados de Junho, dirigia o jornal da arquidiocese de Braga e pertence, há 25 anos, aos quadros da Rádio Renascença, tendo exercido funções de director de informação e de director do centro de produção do Porto. Actualmente era o delegado em Braga. "É um estudioso e profundo conhecedor da comunicação social", disse Magalhães Crespo sobre o futuro presidente, com o qual o PÚBLICO não conseguiu ontem contactar.
A rearrumação de gestores inclui igualmente a saída do presidente da gerência, padre João António de Sousa, que não assegura tarefas de tipo executivo, e do vogal Tomás Andrade Rocha, por motivos de saúde. Mantêm-se em funções os gestores Luís Torgal Ferreira, José Luís Ramos Pinheiro, Maria Helena Brissos de Almeida e Luís Soromenho Alvito.
"Culmina um processo que já vinha de há tempos atrás", disse ontem ao PÚBLICO Magalhães Crespo, homem forte das equipas que mantêm a estação na liderança nacional das audiências de rádio desde finais da década de 70, primeiro com o seu canal generalista, depois com a RFM. Magalhães Crespo realçou a "tranquilidade e dignidade" da transição, manifestou "satisfação pela conclusão de uma carreira executiva" e declarou-se "disponível para o que for julgado oportuno".
Para o gestor que agora passa o testemunho, os desafios que se colocam à estação são "prosseguir a sua rota de emissora católica, consolidando a sua posição de liderança, através da sua melhor informação e melhor programação".
Primeiro gerente, depois gerente-executivo e, nos dois últimos mandatos vice-presidente do conselho de gerência, Magalhães Crespo formou-se em engenharia no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, e era, em 1974, director-geral de uma empresa de consultores.
A 7 de Julho desse ano, no início do PREC (Processo Revolucionário em Curso, designação da fase conturbada que medeia entre 25 de Abril de 1974 e 25 de Novembro de 1975), foi convidado pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Ribeiro, a "tomar conta da Renascença", como no ano passado contou, em entrevista, ao PÚBLICO.
O grupo Renascença - que integra a Renascença, criada em 1937, a RFM, lançada em 1987, e a Mega FM, em 1998 - é detido, em 60 por cento, pelo Patriarcado de Lisboa, e em 40 por cento pela Conferência Episcopal Portuguesa.

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