Sporting em depressão
Tentar o segundo lugar foi fraca motivação para o Sporting, que fechou ontem a temporada com uma derrota frente ao Nacional da Madeira
Se o Sporting já não tinha nada a ganhar esta época podia pelo menos tentar ficar em segundo lugar - dependia de terceiros para que isso acontecesse, mas tinha sempre de vencer - e garantir a qualificação directa para a Liga dos Campeões, já que as contas do título passavam por outros campos que não o de Alvalade. Só que isso não pareceu motivação suficiente para os leões, que terminaram ontem a sua temporada com uma derrota com o Nacional por 2-4, quedando-se pelo terceiro lugar e com uma enorme depressão.Quem tivesse visto Alvalade na última quarta-feira, a rebentar pelas custuras para a final da Taça UEFA com o CSKA Moscovo, encontrou ontem, em comparação um estádio com menos de metade da sua lotação preenchida com um público pouco entusiasmado, e à imagem da sua equipa, deprimido. Para o Sporting, depois de perder o título e a UEFA em menos de uma semana, a época bem podia ter terminado antes deste jogo, porque o seu futebol pouco mais era do que para passar o tempo.
A culpa não era do Nacional, que aproveitou a desmotivação alheia para se adiantar rapidamente e de forma expressiva no marcador. Antes da meia-hora, a formação madeirense já estava a ganhar por 3-0 e adivinhava-se a estocada final no orgulho leonino. Logo aos 6", confusão na área sportinguista, a dupla improvisada de centrais (Enakarhire e Garcia) não se entendeu com o habitual suplente da baliza (Nélson) e André Pinto fez o primeiro golo, num lance em que o Sporting reclamou fora-de-jogo.
O contra-ataque nacionalista continua a fazer estragos e depois de Viveiros ter feito o aviso com um remate ao lado, Alexandre Goulart não falhou aos 12", ultrapassando toda a defesa leonina para o 2-0. O terceiro surgiu aos 24", de novo por André Pinto, num remate de longe. O Sporting voltou a reclamar fora-de-jogo, mas o árbitro António Costa não cedeu aos protestos.
Para tentar evitar a humilhação na despedida da época, Peseiro mexeu quase imediatamente na equipa, tirando Douala para entrar Pedro Barbosa. Peseiro estendeu a mão para cumprimentar o camaronês, mas este rejeitou o cumprimento, empurrou o braço do treinador e foi sentar-se no banco. Indisciplinas à parte, o Sporting ganhou com esta mudança e quase de imediato teve a hipótese de reduzir o marcador com um penalti aos 37", após João Fidalgo ter tocado a bola com o braço dentro da área. Chamado a converter, Liedson permitiu a defesa de Hilário.
Mas o golo não tardou a aparecer. Aos 43", Liedson rematou na direcção da baliza e Ávalos confirmou uma bola que parecia destinada ao sucesso. Foi o único momento de relativo entusiasmo pelos adeptos, pouco depois acompanhado pela celebração de um golo do Boavista no Bessa frente ao Benfica, naquele que era um dos em que se decidia o título.
O Sporting pareceu entusiamado pelo primeiro golo e foi em busca de mais. Aos 54", Custódio foi feliz na recarga a um primeiro remate de Liedson e colocou o marcador em 3-2, mas as possibilidades do Sporting ficaram reduzidas com a expulsão de Pedro Barbosa, que poderá ter feito ontem o seu último jogo, por acumulação de amarelos. Niculae ainda esteve perto de marcar, cabecando ao poste, mas foi o Nacional que colocou um ponto final, de novo em contra-ataque, por intermédio de Bruno aos 89". Neste momento, quase todo o público se levantou das cadeiras e foi-se embora, e quando António Costa, apitou para o final, já não estava quase ninguém no estádio. Os poucos que ficaram assobiaram muito.