Uma longa história de amor
Os velhos amantes vão finalmente casar depois de 35 anos de namoro e adultério. Carlos, o inseguro, e Camilla, a sua "tábua de salvação" foram feitos um para o outro, garantem aqueles que os conhecem de perto.
Está longe de ser a história ideal de um conto de fadas, mas ninguém duvida da solidez do amor que une Carlos, príncipe de Gales, e Camilla Parker Bowles. Ele tem 56 anos, ela tem 57 e conheceram-se no início dos anos 70, já lá vão mais de 35 anos de uma ligação muitas vezes interrompida mas nunca terminada. Foram apresentados por Lucia Santa Cruz, uma amiga de Carlos, durante um jogo de pólo e Camilla terá entrado logo a matar: "A minha bisavó foi amante do teu bisavô, portanto o que é que dizes?" Tudo indica que ele terá dito que sim, segundo escreveu o jornalista Jonathan Dimbleby, numa biografia do príncipe publicada em 1994. Carlos terá ficado imediatamente fascinado com a falta de vaidade, a indiferença às modas e o sentido de humor "muito terra-a-terra" da jovem Camilla.
Os dois voltaram a encontrar-se inúmeras vezes, passando muito tempo juntos, mas nunca estabeleceram nenhum compromisso antes de Carlos partir em 1972 para uma viagem de oito meses como oficial a bordo de um barco da Royal Navy.
Dimbleby escreveu que o príncipe partiu ainda sem estar pronto para se casar e também sem ter arranjado coragem para dizer à namorada que estava loucamente apaixonado por ela. Foi assim que, na ausência do príncipe, Camilla se casou com Andrew Parker Bowles. Porque o fez continua a ser o mistério central desta história.
Catherine Brooks-Baker, uma comentadora de assuntos da monarquia, avançou uma explicação à Reuters: provavelmente Camilla presumiu que Carlos não a considerava uma esposa adequada porque não pertencia a uma família suficientemente refinada.
A verdade é que, mesmo depois deste casamento, os dois mantiveram uma relação muito próxima: ao longo dos anos Carlos descreveu Camilla como a sua "pedra basilar" e a sua "tábua de salvação". Foi ela que o convenceu a casar-se com Diana Spencer, que Carlos conheceu em 1977, quatro anos antes daquele que foi um dos "casamentos do século"
Segundo a biografia de Dimbleby, Carlos cortou praticamente todo o contacto com Camilla Parker Bowles durante os primeiros cinco anos do seu casamento. Em 1994, o príncipe admitiu o adultério mas garantiu que só tinha sido infiel depois do casamento com Diana se ter "desmoronado irreversivelmente". Isto terá sido em 1985 ou 1986, já depois do nascimento de Harry, o segundo filho de Carlos e Diana.
A infidelidade de Camilla e de Carlos tornou-se pública em 1992 quando este se separou de Diana (o divórcio oficial só se realizou em 1996). E foi da pior maneira possível: um tablóide publicou excertos de uma conversa telefónica entre os amantes onde Carlos diz que gostaria de viver dentro das calças de Camilla. A famosa "cassete do Tampax" nunca deixaria de atormentar o casal, principalmente depois da morte de Diana em 1997, que muitos súbditos britânicos consideram ter sido uma consequência directa da relação adúltera entre Carlos e Camilla.
"Camilla é tudo para ele"Já com os respectivos divórcios concluídos e depois do turbilhão que foi a morte de "princesa do povo" em Paris, o casal passou a viver debaixo do mesmo tecto e muito lentamente foi tornando a sua relação pública. Tão lentamente que só em 1999 é que os dois apareceram juntos numa gala em Londres. Em 2001, os britânicos veriam o primeiro beijinho afectuoso entre Fred e Gladys - como os dois se tratam na intimidade. Hoje vão finalmente casar-se.
"O príncipe Carlos tem muito pouca confiança em si próprio, isso vem da infância. Camilla é tudo para ele, é a sua mãe, a sua amante, a sua melhor amiga e sua confidente", disse à AFP a jornalista Penny Junor, que acabou de publicar A Firma, a vida conturbada da casa dos Windsor.
Para Junor como para outros jornalistas e amigos próximos do casal, Camilla e Carlos foram feitos um para o outro. Gostam da vida no campo, da jardinagem, de cães, de pescar e de caçar. "Quando estão juntos parecem terrivelmente felizes", disse à Reuters a escritora Jilly Cooper, uma amiga do casal. Partilham o mesmo sentido de humor, divertem-se a fazer idiotices, a imitar os outros, a inventar vozes esquisitas. Como se fossem duas crianças.