Artistas Unidos saem do Teatro Taborda em polémica com Câmara de Lisboa
Reaberta a discussão em volta d"A Capital, a decisão surge como gesto de ruptura com a câmara. Artistas Unidos ficam no Taborda até Agosto
O director dos Artistas Unidos (AU), Jorge Silva Melo, anunciou ontem através de comunicado que a sua companhia "renuncia" a partir de Agosto ao Teatro Taborda, equipamento municipal onde os AU estão provisoriamente instalados desde 2003. A decisão surge como gesto de ruptura entre a companhia e a Câmara Municipal de Lisboa (CML), depois de reaberta na semana passada a polémica sobre o edifício A Capital e a transformação deste espaço usado pelos AU até há dois anos num centro de artes.
Com um acordo de permanência no Teatro Taborda terminado em Dezembro último, Silva Melo fez a meio da semana passada uma conferência de imprensa em que anunciou o prolongamento desse prazo até ao final dde 2005. Mas disse-se também "enganado" pela CML por "incumprimento" dos acordos de requalificação d"A Capital, para onde esperava voltar agora. Os Artistas Unidos dizem que já cumpriram no Taborda as duas temporadas de compasso de espera pelas obras acordadas com a vereadora da Cultura, Maria Manuel Pinto Barbosa, e o seu presidente, Pedro Santana Lopes.
Com o edifício do Bairro Alto ainda emparedado, a câmara respondeu no dia seguinte através de um comunicado do gabinete da vereadora Pinto Barbosa. Nesse comunicado dizia-se que a CML "não se encontra obrigada a uma calendarização específica" para o desenvolvimento do projecto do Centro d"Artes da Capital. Dizia-se também que sendo o edifício "propriedade da CML" e o projecto de requalificação de sua responsabilidade, o pelouro da Cultura o desenvolverá "segundo as suas prioridades e capacidade orçamental".
Mas o director dos AU aponta para documentos assinados pelo mesmo pelouro da Cultura em Fevereiro de 2003. Nos documentos, enviados na altura à imprensa, lê-se que o programa para o futuro Centro das Artes deveria estar concluído até ao final de Março de 2003.
Jorge Silva Melo aponta também para uma reunião de 11 de Fevereiro deste ano onde lhe terá sido garantido que o caderno de encargos da obra estaria concluído e seria entregue a cinco arquitectos diferentes até 30 de Março. Isso não aconteceu por "questões de legalidade processual que a CML está a procurar dirimir", diz o pelouro da Cultura.
No comunicado de ontem, Silva Melo faz uma listagem das actividades da sua companhia até Julho. Na conferência da semana passada levantou a hipótese de vir a reformular ou dissolvâ-la a partir de Dezembro.
Até à hora de fecho desta edição o encenador manteve-se incontactável.