CEI: Uma organização criada para o fim pacífico da URSS

A Comunidade de Estados Independentes (CEI), organização formada em 1991 que integra a Rússia e mais onze ex-repúblicas soviéticas, cumpriu um dos seus principais objectivos para que foi criada: a desintegração pacífica da antiga União Soviética. Mas não conseguiu, nem deverá conseguir por enquanto, ser a semente de uma nova congregação de Estados."Se, na Europa, a União Europeia foi criada para congregar, a CEI formou-se como forma de divórcio civilizado", declarou o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, na Arménia, um dos poucos Estados dessa organização que ainda mantém relações de aliado com Moscovo.
Depois das revoluções na Geórgia, na Ucrânia e no Quirguistão, Putin acaba por reconhecer que a CEI só tem futuro como "um clube bastante útil para que os dirigentes dos Estados membros exprimam as suas opiniões sobre os problemas de carácter humanitário e económico".
Aquando da criação da CEI, com sede em Minsk, capital da Bielorrússia, alguns políticos russos viram nessa organização uma forma de a Rússia conservar o seu domínio e influência onde esse país diz ter "interesses especiais", em vez de ter sido criado o conceito de "estrangeiro próximo" para definir o novo espaço geopolítico.
"Moscovo não soube propor nada de atraente às elites e aos povos desses países. Apenas tentou travar a aproximação desses Estados à Europa", explica o jornalista russo Vladimir Dolin as causas do fracasso.
E até a livre circulação dos cidadãos entre os países da CEI, a única medida que funcionava regularmente nesse espaço, terminou. A fim de castigar a Geórgia, Moscovo começou a exigir visto aos georgianos que queiram visitar a Rússia, preparando-se para fazer o mesmo com a Moldávia.
No espaço pós-soviético, o futuro parece pertencer a organizações mais compactas e com objectivos muito definidos como os económicos. A Rússia, o Cazaquistão, a Bielorrússia e a Ucrânia tentam criar um Espaço Económico Comum, que permita a livre circulação de mercadorias e serviços.
"Essas organizações parecem ter mais perpectivas, mas Moscovo tem de renunciar à política de impor fantoches aos países vizinhos", previne Vladimir Dolin. J.M.

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