Alexandra Lencastre, Lia Gama, Dalila Carmo e Vítor Norte vão contracenar num enredo onde a homossexualidade é a nova questão a abordar. Para já, estão decididos 120 episódios

A nova novela da TVI, que estreia dia 3 de Abril, pretende-se "urbana" e "contemporânea", assentando em laços familiares, à semelhança de outras já exibidas. Ninguém Como Tu retrata a luta pelos sonhos das suas personagens e aborda temas como a cleptomania, a homossexualidade e a importância da beleza na sociedade actual.Com as cidades de Almada e Lisboa como cenário, os personagens criados por Rui Vilhena, o guionista da novela, vivem um dia-a-dia de conflitos, paixões e traições, uma imagem que pretende ser fiel ao quotidiano dos portugueses. Para Rui Vilhena, o mais importante é que os "portugueses se identifiquem com as personagens", o que o autor considera que será conseguido pelo cuidado com as tramas paralelas. Para este retrato, a produtora (a Fealmar, do grupo NBP) apostou em actores conhecidos dos portugueses, como Alexandra Lencastre, Vítor Norte, Sinde Filipe e Lia Gama, e em novos rostos, como Benedita Pereira, Liliana Santos e José Fidalgo.
Como em Queridas Feras e em Sonhos Traídos, novelas que já passaram pelas noites da TVI e que se baseavam na relação entre irmãos, no centro de Ninguém Como Tu está a ligação pouco próxima e tensa entre três irmãs, interpretadas por Alexandra Lencastre, Dalila Carmo e Manuela Couto, ponto de partida para os conflitos familiares. Luiza, Júlia e Dulce, respectivamente, são filhas de Luciano e Milu Gaspar dos Santos, papéis desempenhados por Sinde Filipe e Rosa Lobato Faria.
A filha do meio, Luiza Menezes Albuquerque (Alexandra Lencastre) é uma mulher fútil e gananciosa, que se preocupa acima de tudo com as aparências, que vive em função do dinheiro e do estatuto. Casada com Mário Menezes de Albuquerque, personagem interpretada por Vítor Norte, Luiza é acusada pela família de ter um casamento por interesse, negando a paixão que tem há muitos anos por Pedro (Ricardo Carriço), marido da irmã Dulce (interpretada por Manuela Couto). Este será, então, o principal factor de conflito sobre o qual se desenvolverá a trama de Ninguém Como Tu. Dulce, a mais velha das três irmãs, é uma mulher simples que abdicou de estudar para cuidar da família, e a sua luta diária passa por conquistar o marido. Dalila Carmo interpreta Júlia Gaspar dos Santos, a irmã mais nova, que é querida por todos. Alegre, altruísta e independente, Júlia vive em permanente conflito com Luiza.
Entre as temáticas que integram a nova novela da estação de Queluz de Baixo destaca-se a velha questão das diferenças entre classes sociais. Receita já inúmeras vezes utilizada, os amores proibidos entre pessoas de meios socialmente distantes continuam a fazer sucesso. Na trama de Rui Vilhena, esta situação é vivida pela filha de Luiza e Mário Albuquerque Menezes, Teresa, papel representado por Benedita Pereira e por Miguel (José Fidalgo), um jovem operador de telemarketing com problemas de dinheiro.
A cleptomania é também abordada através da personagem de Inês Paiva Calado (Maria João Falcão), de uma família abastada, que não consegue resistir ao impulso de roubar.

Tópicos actuaisOutro dos temas fortes de Ninguém Como Tu é a homossexualidade, assunto já recorrente nas telenovelas brasileiras, mas que é novidade nas da TVI. Alexandre Costa, personagem interpretada por Joaquim Horta, é um homossexual assumido e fascinado pelo mundo esotérico. O guionista Rui Vilhena refere que não dá, no seu texto, muita ênfase ao facto de Alexandre ser homossexual, com o objectivo de que o "público perceba que o dia-a-dia de um homossexual é igual" ao dos heterossexuais.
A importância da beleza e daquilo que é definido como o seu ideal na sociedade contemporânea também faz parte do argumento de Ninguém Como Tu. Quem dá corpo à questão é a personagem "roliça" de Mariana Martins (Cláudia Aguizo), sempre criticada pela mãe devido à sua forma.
Com este conjunto de ingredientes, que habitualmente agradam ao público português, Ninguém Como Tu vem substituir Baía das Mulheres no horário nobre do quarto canal, já a partir do próximo domingo. A mais recente produção nacional da TVI terá, em princípio, 120 episódios, número, que segundo Rui Vilhena, pode aumentar se o sucesso alcançado o justificar. O guionista de Ninguém Como Tu é brasileiro, mas vive em Portugal há dez anos. Entre os seus trabalhos contam-se a telenovela Terra Mãe (1998) e a série Bastidores (2001), ambas exibidas na RTP1.