Human Rights Watch: desaparecimentos na Tchetchénia são crimes contra a humanidade
Os "desaparecimentos forçados são frequentes e sistemáticos e constituem um crime contra a humanidade", acusou a HRW num relatório de 57 páginas publicado hoje.
A organização, que efectuou várias operações no terreno, apresenta uma série de testemunhos e detalha os casos de desaparecimento - a maior parte ocorridos nos últimos meses -, num momento em que a Rússia se esforça para convencer a comunidade internacional de que a situação "está normalizada" naquela república rebelde do Cáucaso.
"A Rússia tem o triste registo de ser líder mundial em matéria de desaparecimentos forçados. Quando uma pessoa é detida pelos agentes das forças de segurança do Estado e quando essa detenção é negada escondendo toda a informação sobre o seu futuro, o caso deixa de ter um enquadramento legal", diz o relatório.
A HRW denuncia a impunidade dos que cometem estes crimes: 1800 inquéritos foram abertos nos últimos cinco anos, mas "nem uma pessoa foi considerada plenamente culpada", o que cria uma atmosfera de "total impunidade".
"O Governo russo está ao corrente da situação e conhece a dimensão do problema, mas não tem nenhuma intenção de chamar os culpados à justiça, perpetuando o ciclo de abusos", disse Rachel Denber, directora executiva interina do departamento Europa-Ásia Central da HRW.
Na maioria dos casos, os responsáveis por estes desaparecimentos são as forças federais russas ou, cada vez mais, as forças tchetchenas pró-russas, escreve o relatório.
A HRW pede à Comissão dos Direitos do Homem das Nações Unidas para "tomar medidas urgentes de acordo com a gravidade extrema do fenómeno" e que adopte "uma resolução que condene os desaparecimentos forçados na Tchetchénia exigindo ao Governo russo medidas imediatas".
Os defensores dos direitos do Homem estimam que entre três mil e cinco mil pessoas desapareceram desde o início da segunda guerra, no Outono de 1999.