Torne-se perito

Beethoven distribuído por integrais

Ao contrário de outras edições da Festa da Música, em que algumas parcelas da produção dos compositores em destaque ficaram por vezes fora da programação, no caso de Beethoven será possível ter acesso à quase totalidade da sua obra.Os principais géneros abordados (sinfonias, concertos, quartetos, sonatas para piano, sonatas para violino, sonatas para violoncelo, música coral-sinfónica, etc.) terão interpretações integrais. E dão-se a conhecer curiosidades (como as peças para bandolim e cravo que preenchem os recitais do Ricercar Consort) e também algumas das transcrições que Beethoven fez das suas próprias peças.
"As integrais dos quartetos e das sonatas são apresentadas por ordem cronológica, o que permitirá acompanhar a vida de Beethoven através do desenvolvimento do seu estilo musical", explicou René Martin. A integral dos quartetos será feita por um único agrupamento - "o Quarteto Ysaÿe, considerado uma grande referência neste repertório" - mas haverá também interpretações de quartetos avulsos pelo Quarteto Prazák, pelo Quarteto Aviv ou pelo Quarteto Lacerda. À semelhança do que aconteceu em Nantes, as 32 Sonatas para piano serão também apresentadas por ordem de composição e repartidas pelos pianistas François-Frédéric Guy, Emmanuel Strosser, Jean-Efflam Bavouzet, Frank Braley, Nicholas Angelich e Claire Déssert. Outras hipóteses são proporcionadas pelas leituras dos portugueses Pedro Burmester, Jorge Moyano, Miguel Henriques, António Rosado e Miguel Borges Coelho, entre outros, dos japoneses Akiko Ebi e Momo Kodama ou dos russos Alexander Melnikov e Nikolai Luganski. Boris Berezovski, outra presença assídua na Festa da Música, tocará as monumentais Variações sobre uma Valsa de Diabelli e haverá também uma considerável amostra de peças de menores dimensões (Bagatelas, Variações, Rondós, etc.).
As Sinfonias e os Concertos serão distribuídas por várias orquestras (Filarmónica de Varsóvia, Sinfonia Varsóvia, Concerto Koln, Collegium Cartusianum, Orquestra Metropolitana de Lisboa, Orquestra Sinfónica Portuguesa) e solistas (Augustin Dumay, Isabelle Faust, Berezovski, Luganski, Moyano, Anne Quéffelec) e a música de câmara terá o regresso de intérpretes como o Trio Wanderer, o Ensemble Explorations, o violoncelista Alexander Kniazev ou o português Divino Sospiro, que vai interpretar o Septeto em instrumentos da época.

Sugestões de René MartinOutro núcleo é a música coral-sinfónica. Além da Missa Solemnis (segundo Martin "numa das mais admiráveis interpretações actuais a cargo do RIAS-Kammerchor e do Concerto Köln") vão ouvir-se obras menos conhecidas como a Missa em Dó Maior, a Cantata para a morte de Joseph II e a oratória Cristo no Monte das Oliveiras. Martin salientou ainda a Fantasia Coral, que serviu de esboço à Nona Sinfonia, pelo Coro Accentus, a Sinfonia Varsóvia e o jovem pianista russo Alexander Melnikov. C.F.

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