CDS-PP vai enviar retrato de Freitas do Amaral para o Largo do Rato

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Os populares garantem que não estão a tentar Freitas do Amaral da história do partido Adriano Miranda/PÚBLICO

Em declarações à Lusa, Mota Soares disse ter decidido enviar para o largo do Rato, a fotografia de Freitas do Amaral que se encontra à entrada da sede do partido, adiantando que o fará amanhã de manhã, mal abram os correios.

"Temos muita juventude a aderir ao CDS e ontem essa juventude perguntava porque é que temos na nossa sede o retrato de uma pessoa que frequentou comícios do Bloco de Esquerda e agora é ministro do PS", justificou.

Questionado sobre se este acto não será criticado pelos militantes mais antigos do CDS-PP, o secretário-geral do partido sublinhou que estes democratas cristãos "sentiram-se muito desiludidos por Freitas do Amaral nos últimos anos".

"Aliás, milhares de portugueses sentiram-se desiludidos com o professor Freitas do Amaral por causa daquela lógica dá-me cá o teu apoio que eu dou-te o teu ministério'", declarou, sugerindo haver uma troca de favores entre o PS e o professor.

"Este gesto vai ser muito criticado por vários comentadores e figuras da nossa democracia, mas não é por isso que vamos deixar de o fazer", acrescentou.

"Não estamos a querer apagar ou esquecer a história. O professor Freitas do Amaral não deixa de ter um lugar na história do CDS, mas é importante que a política seja feita de forma genuína, com honestidade intelectual, sem hipocrisias", sublinhou.

Para o secretário-geral do CDS-PP, o ministro indigitado dos Negócios Estrangeiros "tem mudado muito" e, embora tenha o "direito de mudar as vezes que quiser", "não faz sentido que esteja em lugar de destaque no CDS".

Mota Soares acredita que, para Freitas do Amaral, o envio do seu retrato para o largo do Rato "representará algum alívio" porque "deixará de estar presente, ainda que em fotografia, na sede de um partido do qual ele não gosta".

A escolha de José Sócrates para a pasta dos Negócios Estrangeiros foi a principal surpresa do próximo elenco governativo, anunciado sexta-feira passada pelo primeiro-ministro indigitado.

Em declarações à edição de ontem do “Expresso”, Freitas do Amaral, que se desfiliou do CDS no início dos anos noventa, explicou que aceitou o convite de José Sócrates por considerar que "o país precisa de todos" e este é o "momento exacto de dar a cara".