Marwan Barghouti apela à continuação da Intifada
Dirigente palestiniano detido acusa Israel de fazer de Mahmoud Abbas um "tolo"
Marwan Barghouti, um dos mais carismáticos políticos palestinianos, apelou da sua cela numa prisão israelita à continuação da Intifada, acusando ainda Israel de "arrastar os pés" nas medidas de boa vontade para com o novo líder Mahmoud Abbas e vaticinando que, assim, este não ocupará o mesmo cargo "daqui a seis meses".Em entrevista ao diário israelita "Ma"ariv", Barghouti, antigo deputado e líder da Fatah na Cisjordânia, entretanto condenado por Israel a cinco penas de prisão perpétua, disse esperar que a retirada israelita de Gaza decorra de forma pacífica.
Mas quando o jornalista lhe perguntou se a Intifada lançada em 2000 estava acabada, Barghouti respondeu: "A Intifada vai continuar na Cisjordânia, a que vocês [israelitas] continuam a agarrar-se. O fim da Intifada virá quando houver um fim da ocupação. Tudo ali é frágil, tudo pode desmoronar-se a qualquer momento", afirmou.
O líder palestiniano Mahmoud Abbas, eleito em Janeiro, tem feito todos os esforços para manter uma trégua nos ataques dos grupos radicais contra Israel. Mas a manutenção desta trégua depende muito de uma libertação de um número significativo de prisioneiros palestinianos das suas celas em Israel. Bargouthi acusou o Estado hebraico de fazer Abbas parecer um "tolo", ao não libertar uma grande parte dos cerca de sete a oito mil palestinianos detidos nas prisões israelitas.
"A este ritmo, daqui a seis meses ele já não vai estar [no cargo de líder da Autoridade Palestiniana] e vocês vão ter saudades dele. Vocês estão a arrastar os pés."
Israel prometeu libertar 900 prisioneiros (500 nesta segunda-feira), enquanto a Autoridade Palestiniana considerou este número ridículo. Foi estabelecido um comité conjunto para analisar a questão.
Cerca de 350 membros de grupos combatentes, entre eles elementos das alas militares do Hamas e Jihad Islâmica, vão ser integrados nas forças de segurança palestinianas, anunciou ontem o ministro palestiniano da Agricultura, Ibrahim abu Naja.
A decisão, que resultou de um acordo entre Abbas e os dirigentes dos grupos radicais, mediado pela delegação egípcia de segurança, pretende proteger os combatentes que são procurados pelo Exército israelita. "Os fugitivos que se uniram às forças de segurança pertencem a todos os grupos e facções palestinianas", garantiu Naja. "Assim, serão protegidos de tentativas de assassínio por parte de Israel."