Tróia e Setúbal ligadas por novos "ferry-boats"
Porto de Setúbal e Atlantic Ferries assinaram contrato de concessão do serviço público do transporte fluvial
Cláudia Veloso
Daqui a dois anos, a travessia do Sado entre Setúbal e Tróia vai ser feita em cinco novas embarcações, que a Atlantic Ferries vai adquirir por 30 milhões de euros aos estaleiros navais Zamacona, de Bilbau. A empresa do grupo Sonae assinou ontem o contrato de concessão com a Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS), para a exploração do serviço durante 15 anos. "Mais conforto, segurança e qualidade" foram as garantias deixadas pelo secretário de Estado adjunto e das Obras Públicas, Jorge Costa, relativamente aos novos barcos que vão assegurar a ligação entre Setúbal e o empreendimento turístico da Sonae em Tróia.
Para Henrique Montelobo, administrador da Atlantic Ferries, o contrato constitui um novo "estímulo" para o projecto, cujo Plano de Pormenor foi ratificado há duas semanas em Conselho de Ministros.
"A excessiva demora na entrada em vigor dos planos de pormenor necessários ao arranque deste projecto não permitiu que se cumprisse o calendário previsto quando, em Maio de 2000, celebrámos com o Estado português um contrato de investimento para Tróia", justificou.
O administrador da Atlantic Ferries também lamentou, em declarações à margem da cerimónia, que os estaleiros navais portugueses não tenham apresentado propostas para a construção dos novos "ferries". A empresa está a negociar a adjudicação com a Zamacona de Bilbau, depois de analisadas mais duas propostas de construtores da Noruega e da Holanda.
Com o contrato agora assinado com a APSS e com a aprovação dos projectos da marina e do novo cais em Tróia, que Henrique Montelobo frisou esperar "para breve", ficam reunidas as condições para que "2005 seja o ano efectivo do arranque do projecto de reabilitação ambiental, urbanística e turística daquela península".
O preço dos bilhetes, garantiu ainda Duarte Amândio, presidente da APSS, "não deverá sofrer aumentos superiores à taxa de inflação". O tempo da travessia, adiantou também Henrique Montelobo, deverá manter-se nos cerca de 20 minutos actuais.
Em estudo continua a deslocalização do cais dos "ferries" do lado de Setúbal. Depois da polémica em torno de uma nova localização a montante da actual, prevista no âmbito do Polis mas inviabilizada pela APSS, a mesma autoridade portuária avançou ontem que pondera a hipótese de permitir o embarque no Cais 6, ligeiramente para jusante da Doca das Fontaínhas.
APSS arrecada 125 mil euros anuais
Para além dos três "ferry-boats", a concessionária vai adquirir duas embarcações só de passageiros, com capacidade para 350 e 500 pessoas cada, e investir 250 mil euros na construção de instalações e novos equipamentos. A "totalidade dos trabalhadores da Transado", a empresa que actualmente assegura o serviço, passa a estar ao serviço da Atlantic Ferries, garantiu Duarte Amândio. As negociações para o contrato de concessão do serviço público tiveram início em 2001, com o lançamento do concurso, ao qual se candidatou apenas a empresa do universo Sonae. Com esta concessão, o Porto de Setúbal arrecada proveitos anuais fixos de 125 mil euros.
"Há dois anos, a APSS apresentava três milhões de euros de prejuízo; prevemos agora encerrar o exercício de 2004 com 4,5 milhões de euros de lucro", disse Duarte Amândio.
No ano passado, segundo dados da Transado, fizeram a travessia do Sado 595 mil automóveis ligeiros, cinco mil pesados de mercadorias, 15.500 velocípedes e motociclos e 1,5 milhões de passageiros adultos e crianças.