Salto da Ponte 25 de Abril acabou em banho no Tejo
Depois de se ter lançado do Hotel Alfa, Mário Pardo arriscou novo salto de pára-
-quedas no sábado. Só a aterragem não foi perfeita
Mário Pardo, o pára-quedista que foi notícia em 2004 por ter sido detido pela PSP após ter saltado do Hotel Alfa, em Lisboa, inscreveu este fim-de-semana mais uma façanha no seu currículo: saltou da Ponte 25 de Abril, de cima de um camião TIR em andamento.Na tarde de sábado, sem qualquer tipo de autorização, Mário Pardo, o único atleta português que se dedica profissionalmente ao chamado "base jump", rumou à Ponte 25 de Abril em cima de um camião TIR de 18 toneladas, evitou os cabos de aço da estrutura e lançou-se no espaço. Abriu o pára-quedas no limite dos dois segundos de que dispunha e só a aterragem, que deveria ter acontecido num pequeno barco, não foi perfeita, pois o vento forte obrigou-o a um banho forçado nas águas do Tejo.
Mário Pardo garante que não bateu no rio com muita força, pois o pára-quedas reduziu o impacto do embate contra a massa de água, mas, apesar de tudo, chegou a pensar libertar-se de todo o equipamento quando o vento e a corrente o começaram a levar. No entanto, o barco de apoio resgatou-o rapidamente da água gelada do rio.
"Este salto esteve sempre no meu imaginário e, talvez por isso, e por a ponte ser um dos símbolos da minha cidade, teve um significado único", diz o pára-quedista, confessando que foi assolado por "intensos e diferentes sentimentos" durante o salto.
Desta vez, Mário Pardo não foi detido nem viu o material apreendido - estudou melhor os movimentos da lancha da Polícia Marítima do que os da PSP quando se lançou do alto do Hotel Alfa e quase aterrou em cima de um carro-patrulha -, mas demorou meses a preparar este salto, que, devido às inúmeras variáveis que o condicionaram, o transformaram num projecto complexo.
"Era preciso levar em conta a intensidade dos ventos, a velocidade do camião, a distância até à zona de impacto - apenas quatro segundos - ou as hipóteses para a aterragem. A abertura do pára-quedas foi naturalmente uma preocupação central, não estivesse o tabuleiro da ponte, com os seus 70 metros, abaixo do mínimo de segurança recomendável", diz.
Com uma equipa de 25 elementos, incluindo vários pára-quedistas, Mário Pardo sabia apenas que, com o apertado controlo que existe na ponte, só teria hipótese de realizar um único salto - que executou.
"Acho que a aventura é o grande motor de todos os meus desafios e procuro ir sempre mais além, superando os meus limites, mas nunca descurando a segurança, porque ainda quero voar por muitos anos. E estou sempre a pensar no próximo salto", conclui.
A Marinha Portuguesa ficou surpreendida com o salto de Mário Pardo e garante que o atleta violou a lei, pois deveria ter pedido autorização à Capitania do Porto de Lisboa. De acordo com o comandante José Centeno, capitão do Porto de Lisboa, Mário Pardo, até para salvaguarda da sua segurança, deveria ter solicitado autorização por escrito, para que a Marinha pudesse disponibilizar meios para prevenir qualquer acidente marítimo. De resto, explica José Centeno, a polícia apenas podia actuar se Mário Pardo tivesse sido apanhado em flagrante delito.