Fatah começou a caça aos milhões escondidos de Yasser Arafat
A Fatah, a principal facção da OLP, começou a procurar os milhões de dólares que se acredita terem sido escondidos em contas, bens e aplicações financeiras por Yasser Arafat. O movimento precisa de dinheiro para a campanha para as eleições deste ano (locais na Cisjordânia e parlamentares), que vão contar com a participação do movimento radical Hamas, diz o diário britânico "Financial Times", que publicou ontem a primeira parte de uma investigação sobre os milhões escondidos de Arafat. Um dos problemas para encontrar as verbas controladas pelo defunto líder palestiniano é que este dava a várias pessoas informações sobre os investimentos, para que nenhuma delas soubesse de todos os negócios. Para além disso, muitos rendimentos eram distribuídos pelo líder aos seus colaboradores que considerava merecerem, ou a outros que lhe pediam ajuda. Muitos fundos foram mal geridos ou desperdiçados.
Apesar de nunca se ter servido do dinheiro para fins pessoais - sempre viveu de um modo modesto - Arafat dava uma mesada de 50 mil a 70 mil dólares à sua mulher, Suha, a viver em Paris com a filha. Suha Arafat está a ser alvo de uma investigação pela polícia francesa, por alegada "lavagem" de dinheiro.
A espionagem militar israelita calculava, em 2002, que Arafat controlava, pessoalmente, 1300 milhões de dólares. Mas entretanto, desde que sob a égide do ministro das Finanças Salam Fayad o sistema financeiro da Autoridade Palestiniana ficou mais transparente, chegou-se à conclusão de que 898 milhões de dólares foram "desviados" das verbas da AP, mas que em 2003 já tinham sido recuperados cerca de 799 milhões. Em declarações ao "Financial Times", Fayad disse que "se alguma coisa for encontrada, será "peanuts" [trocos] em comparação com os números de que se falam".
Quanto à Fatah, que teria financiamento (e contas) diferente da AP, as contas bancárias já deviam estar pobres pois a facção tinha já dificuldades em pagar aos seus apoiantes desde Setembro de 2000.