José Maria Pedroto desapareceu há 20 anos
Tão polémico como inovador, o "Zé do Boné" começou a cunhar o grande
FC Porto
José Maria Pedroto, o homem que colocou o FC Porto no trilho certo para o domínio no futebol nacional, morreu precisamente há 20 anos. Fortemente conectado ao sucesso dos "azuis e brancos", a verdade é que o génio do "Zé do Boné" foi provado também pela competência exibida ao serviço de outros clubes mais pequenos, no Setúbal europeu ou no Boavistão do meio da década de 70. A sua obra mais conhecida é, no entanto, a revelação de um FC Porto poderoso, libertado da inferioridade à custa do combate pela asserção bairrista e pelas suas qualidades de treinador, e que, em sintonia com Pinto da Costa, acabou com o "complexo da ponte". Visionário, foi durante algum tempo dos poucos que acreditaram num FC Porto de dimensão europeia.Apesar de ser mais recordado pelo que fez como treinador, Pedroto, homem de personalidade forte e carismática, foi igualmente um dos melhores médios da história. Depois de passar por Leixões, Lusitano de Vila Real de Santo António e Belenenses, foi contratado pelo FC Porto por 500 contos, o recorde de transferências da altura. Em 1956, seria uma das figuras da equipa que acabaria com o jejum portista de 16 anos no campeonato nacional. Não seria a última vez que seria protagonista no final de um jejum do clube.
Como treinador, como um descobridor nato de talentos, Pedroto foi uma presença assídua na parte alta da tabela da I Divisão. Pelo Setúbal foi vice-campeão e finalista da Taça; no Boavista obteve duas Taças e novo vice-campeonato; no Guimarães um 4º e 5º lugares. Ao FC Porto, depois de uma primeira passagem em que só ganhou uma Taça, regressou pela mão de Pinto da Costa. O clube estava há 19 anos sem ganhar o título, mas Pedroto quebrou o enguiço, conquistou dois campeonatos e mais duas Taças, e projectou o FC Porto internacional. O resto da história é conhecida.