Sismo espalha morte e destruição por todo o sudeste asiático
Foi um dos sismos mais poderosos desde que há registo, e o maior dos últimos 40 anos. O terramoto, com epicentro na ilha indonésia de Sumatra, gerou um maremoto (tsunami) que atingiu vários países do Sudeste Asiático, espalhando um cenário imenso de destruição e caos. São milhares de mortos, milhares de feridos, milhares de casas destruídas. Os números das vítimas não pararam de subir durante todo o dia. Até à hora de fecho desta edição as agências falavam em 11300 mortos - mais de um terço são crianças, alertou a UNICEF - e um número incalculável de feridos e desaparecidos. O mais provável é que os balanços continuem a aumentar à medida que as operações de socorro vão decorrendo. O epicentro do sismo foi em Aceh, província na parte ocidental da ilha indonésia de Sumatra, já devastada por décadas de guerra civil. Segundo um responsável do Ministério da Saúde, morreram ali 4185 pessoas, mas esperavam-se ainda mais vítimas. O Presidente Susilo Bambang Yudhoyono falou de uma "catástrofe nacional".Outro dos países mais atingidos com as vagas gigantes que se levantaram no Oceano Índico foi o Sri Lanka: talvez mais de 5000 mortos e um milhão de pessoas afectadas. As autoridades apontam para 3538 vítimas mortais nas áreas controladas pelo Governo. "É uma tragédia gigantesca e está a aumentar a todo o momento", afirmou à Associated Press Lalith Weerathunga, secretário do primeiro-ministro. "O número de mortos está a subir a toda a hora". Segundo o mesmo responsável, as autoridades não têm informações sobre os danos provocados nas áreas costeiras no Nordeste, controlada pelos rebeldes tamil. O site tamil www.nitharsanam.com dá conta de 1500 corpos que foram trazidos de várias partes da região.Mas para além da ilha do Sri Lanka e da Indonésia, turistas, pescadores, hotéis, casas, carros, foram varridos por ondas gigantes no Sul da Índia (2447), Tailândia (310), Malásia (42), Maldivas (15), Birmânia (10) e Bangladesh (2). O terramoto, que começou às 7h59 locais (00h59 em Lisboa), foi um dos mais fortes desde o início do século XX, de acordo com o Survey's Earthquake Hazards Program, em Golden, no estado americano de Colorado. "Registámos uma magnitude de 8,9 [na escala de Richter]. Isto faz com que seja o quinto maior desde 1900", disse a geofísica Julie Martinez. Os especialistas afirmam que os tsunamis gerados por terramotos podem andar a uma velocidade de 500 quilómetros por hora. Em várias zonas falava-se em ondas com dez metros. Um centro de alarme, como é usado no Pacífico, poderia ter ajudado a diminuir a catástrofe, mas nenhum dos países atingidos o tem. "A maior parte destas pessoas poderia ter sido salva se tivessem um sistema de alarme de tsunamis", afirmou à Reuters Waverly Person, do USGS National Information Center. "Acho que isto será uma lição".Ajuda internacional a caminhoUma grande parte das áreas devastadas é ocupada por estâncias turísticas, pelo que algumas das vítimas são visitantes estrangeiros.O Papa João Paulo II apelou a uma ajuda maciça às vítimas do terramoto. "Esperamos que a comunidade internacional actue para levar ajuda às populações atingidas", disse durante a sua oração semanal na praça de São Pedro, em Roma. A ONU enviou equipas de socorro. A União Europeia prometeu três milhões de euros de ajuda "para cobrir as primeiras necessidades vitais", e uma "assistência substancial" será prestada assim que "a extensão das necessidades for conhecida", adiantou o comissário europeu para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis Michel. O comissário reconhece que "as necessidades são enormes" e que "a extensão da catástrofe indica que será necessário uma grande ajuda". A UE ira ajudar a "garantir água, abrigo, comida". O Presidente americano, George W. Bush, garantiu que "os EUA estão prontos para oferecer a ajuda necessária aos países mais afectados".O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jack Straw, garantiu que estavam a ser organizadas acções de auxílio, e Londres enviará 52 mil libras (73,7 mil euros) através da Organização Mundial de Saúde (OMS); a Grécia mandará um avião C-130 para dar assistência; a Suécia ia enviar para o Sri Lanka técnicos para restabelecerem as linhas de comunicação e eléctricas.Também Moscovo anunciou que hoje deverão partir para o Sri Lanka dois aviões com tendas e socorristas do seu ministério das Situações de Emergência; está ainda prevista uma ajuda à Indonésia. O Governo do Kuwait também fornecerá um milhão de dólares em ajuda; a Cruz Vermelha espanhola vai disponibilizar 36 mil euros e estava a ponderar o envio de uma equipa de socorristas. Na Áustria, organizações de caridade como a Caritas e a Volkshilfe fizeram o mesmo. "Os preparativos para a ajuda estão a fazer-se ao mais alto nível", disse à AP Franz-Karl Prueller, presidente da Caritas austríaca. "Uma vez salvas, as pessoas têm de receber refeições, cobertores e um tecto".